Fenaj divulga nota em defesa da democracia e critica ações do Poder Judiciário
Às vésperas do julgamento
do ex-presidente Lula em segunda instância, Federação Nacional dos Jornalistas defende o fim do Estado de
Exceção.
Por Anderson Augusto Soares – Crítica21
22/01/2018
Nesta segunda-feira (22), a Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) divulgou nota oficial em defesa da democracia e do Estado Democrático de Direito. Segundo o órgão, a condenação do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva pode reforçar o aprofundamento de “medidas prejudiciais ao país e ao seu povo”.
Para a Fenaj, o julgamento da próxima quarta-feira vai entrar
para a história “ou como farsa
judicial ou como restabelecimento do Estado Democrático de Direito, abalado
pelo golpe” de 2016.
A entidade destaca alguns momentos na
história em que o Poder Judiciário “esteve a serviço de interesses nada
republicanos”, no Brasil e no mundo. “Nesse novo
golpe, o Judiciário tem sido suporte para ações nitidamente políticas, como a
própria deposição da presidenta Dilma e a condenação, sem provas, em primeira
instância, do ex-presidente Lula”, destaca a nota.
Estado de Exceção
A Fenaj defende o fim do Estado de Exceção,
sustentado pelo Parlamento, Judiciário e setores da mídia. “Para isso é imprescindível que o Judiciário cumpra seu
papel constitucional, observando o ordenamento jurídico nacional e zelando pela
prevalência do Estado Democrático de Direito”, ressalta.
No fim da nota, além de
apelar ao Judiciário, a entidade conclama os jornalistas a atuarem na cobertura
do julgamento de forma ética e com responsabilidade profissional. “A missão da
categoria é oferecer ao cidadão informação confiável e correta, possibilitando
à sociedade condições de se posicionar criticamente frente à conjuntura atual”,
finaliza.
Confira a íntegra da nota:
Em
defesa da democracia e do Estado Democrático de Direito
A
Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), ainda em 2015, denunciou
publicamente que estava sendo construído um golpe de Estado no Brasil. O golpe
consolidou-se com a deposição da presidenta Dilma Rousseff, em 2016, vem sendo
aprofundado com medidas prejudiciais ao país e seu povo e pode ser reforçado
com uma nova medida: a condenação do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva
pela Justiça Federal, para impedir a participação dele nas eleições
presidenciais deste ano.
O
julgamento do ex-presidente, a ser feito pelo Tribunal Regional Federal da 4ª
Região, na próxima quarta-feira, vai entrar para a história do Brasil sob duas
hipóteses: ou como farsa judicial ou como restabelecimento do Estado
Democrático de Direito, abalado pelo golpe. Diante da importância desse fato, a
Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) vem a público defender a democracia
e o Estado Democrático de Direito.
Na
história de países democráticos, o Poder Judiciário em mais de uma ocasião
esteve a serviço de interesses nada republicanos. O mundo conhece casos
emblemáticos como o de Nelson Mandela, encarcerado por defender o fim do regime
de segregação racial que prevalecia na África do Sul. Outro caso que merece ser
rememorado é do capitão Dreyfus, que dividiu a França no final do século 19 e
comoveu o escritor Émile Zola, a ponto de levá-lo a escrever o famoso
manifesto J´Acuse, pelo
qual o próprio Zola também fora condenado.
No
Brasil, durante a ditadura militar, julgamentos farsescos foram realizados para
condenar opositores. Nesse novo golpe, o Judiciário tem sido suporte para ações
nitidamente políticas, como a própria deposição da presidenta Dilma e a
condenação, sem provas, em primeira instância, do ex-presidente Lula.
Esse
Estado de Exceção, que não precisa da força militar, porque é sustentado pelo
Parlamento, pelo Judiciário e por alguns setores da mídia, precisa chegar ao
fim. Para isso é imprescindível que o Judiciário cumpra seu papel constitucional,
observando o ordenamento jurídico nacional e zelando pela prevalência do Estado
Democrático de Direito. Entendemos que defender o Estado Democrático de
Direito, nesse momento, é também defender um julgamento sem caráter
político-partidário.
Além
de apelar publicamente ao Judiciário, a FENAJ também conclama os jornalistas a
atuarem na cobertura do julgamento com a necessária ética e responsabilidade
profissional. A missão da categoria é oferecer ao cidadão informação confiável
e correta, possibilitando à sociedade condições de se posicionar criticamente
frente à conjuntura atual.
Brasília,
22 de janeiro de 2018.
Diretoria
da FENAJ
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