Líder camponês paraibano é reconhecido como 'Herói da Pátria'
Militante histórico da
reforma agrária, João Pedro Teixeira foi uma referência na luta pela terra nos
anos 1950.
Por
Cristiane Sampaio – Brasil de Fato
17/01/2018
O
líder camponês João Pedro Teixeira, que viveu na Paraíba e teve grande destaque
na militância agrária no final dos anos 1950, construiu uma trajetória de luta
que virou referência para os trabalhadores do campo.
João
Pedro Teixeira com a esposa e seus 11 filhos
Foto: Arquivo Memorial das Ligas Camponesas (PB)
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Negro,
pobre e sem-terra oprimido pelos interesses do agronegócio, ele viu, ao longo
da jornada de luta, a militância política receber como resposta a violência. E
o preço lhe custou a própria vida, quando, em 1962, foi assassinado durante uma
emboscada arquitetada por latifundiários que atuavam no estado.
Para
quem conviveu com o abandono do Estado brasileiro e conheceu o lado mais cruel
da violência, talvez fosse difícil imaginar que sua história fosse um dia
reconhecida por esse mesmo Estado.
Pois
eis que, neste janeiro de 2018, o nome de João Pedro Teixeira passou a figurar
no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, que homenageia personalidades com
destaque na história do país.
Valorização
A
novidade foi comemorada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST),
que considera a medida importante para a valorização da memória da luta
agrária. A militante Miriam Farias da Silva, da direção estadual do MST na
Paraíba, destaca a relevância local e nacional de João Pedro Teixeira.
"O
maior legado dele pra nós como movimento camponês é que ele trouxe a bandeira
da reforma agrária, que é fazer reforma na lei ou na marra", afirma.
No
último dia 8, a Presidência da República sancionou a Lei 13.598/12,
determinando a inclusão do nome do líder no Livro. Teixeira nasceu no distrito
de Pilõezinhos, município de Guarabira, a 90 km da capital paraibana.
Ele
fundou a Liga Camponesa de Sapé, a primeira do estado. As ligas foram
instituídas com o objetivo de prestar assistência social a pequenos
proprietários rurais, arrendatários e assalariados, defendendo os direitos
desses grupos.
O
historiador José Jonas Duarte da Costa, fundador do Centro de Defesa dos
Direitos Humanos José Pedro Teixeira, hoje localizado na capital paraibana,
assinala que a inclusão do nome do militante no Livro é importante para que a
história oficial reconheça, ainda que timidamente, a luta dos trabalhadores
brasileiros por direitos e emancipação.
Ele
ressalta que a jornada do paraibano teve reconhecimento internacional por parte
de líderes como o revolucionário argentino Che Guevara e o ex-presidente cubano
Fidel Castro.
"Sem
dúvida, é um herói deste país, e muitos heróis são injustiçados pela história
oficial, que é a história das classes dominantes", aponta.
Projeto de Lei
A
proposta de inclusão do nome de Teixeira no Livro partiu do Projeto de Lei (PL)
3700/12, do deputado Valmir Assunção (PT-BA). O parlamentar sustenta que a
medida seria importante para, entre outras coisas, disseminar mais informações
a respeito da luta pela terra.
"Vai
permitir que as pessoas conheçam mais a história dos camponeses brasileiros e a
perversidade, a crueldade do latifúndio contra os trabalhadores rurais – não
simplesmente a grande liderança que foi João Pedro Teixera, mas todos que
acreditam no seu sonho, que dedicam sua vida a uma coletividade, e ele é esse
homem inspirador", considera o parlamentar.
O
Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria fica exposto no Panteão da Pátria, em
Brasília, e registra nomes como os de Zumbi dos Palmares, Tiradentes e Santos
Dumont.
Edição: Mauro Ramos
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