Papa Francisco critica mídia e justiça que promovem Golpe de Estado
Em missa
matutina, o pontífice falou sobre falsa unidade e “condições obscuras” para
condenar pessoas.
Por Anderson Augusto
Soares - com informações do Vatican News
17/05/2018
O Papa Francisco
dedicou sua homilia ao tema da unidade, na missa celebrada na manhã desta
quinta-feira (17), na Casa Santa Marta, na cidade do Vaticano. Depois de
explicar a necessidade de a Igreja ter unidade e se afastar de intrigas, o
pontífice criticou a “falsa unidade” dos acusadores e as “condições obscuras”
como método de calúnia e difamação contra pessoas.
Dilma Rousseff em audiência com Papa Francisco em 2014. Foto: Roberto Stuckert Filho/Fotos Públicas |
As palavras do
pontífice chamaram atenção por retratar, de certa forma, a realidade brasileira,
cuja democracia sofreu um golpe em 2016. Ao criticar esses métodos persecutórios
– que foram usados contra “Jesus, Paulo, Estevão e todos os mártires” - o Papa diz que eles são usados ainda hoje na
vida civil e política, "quando se quer fazer um Golpe de Estado".
“A mídia começa a
falar mal das pessoas, dos dirigentes, e com a calúnia e a difamação essas
pessoas ficam manchadas”, disse o pontífice. “Depois chega a justiça, as
condena e, no final, se faz um golpe de Estado”. Para se chegar a esse ponto,
cria-se um “ambiente de falsa unidade”, destacou Francisco, que também
discorreu sobre perseguições sofridas por São Paulo, orquestradas por “dirigentes”
que instrumentalizavam o povo.
Instrumentalização
“Esta instrumentalização do povo é também um desprezo pelo povo, porque
o transforma em massa. É um elemento que se repete com frequência, desde os
primeiros tempos até hoje”, destacou o Papa. Ele citou como exemplo o episódio
do Domingo de Ramos, em que as pessoas aclamavam “Bendito o que vem em nome do
Senhor” e na sexta-feira seguinte essas mesmas pessoas gritavam
“Crucifiquem-no”. Pergunta o Papa: “O que aconteceu?”. E responde ele mesmo: “fizeram
uma lavagem cerebral e mudaram as coisas. E transformaram o povo em massa, que
destrói.”
Semelhanças
As semelhanças com a realidade brasileira são nítidas no discurso de Francisco. O Golpe de 2016 foi construído com esses elementos persecutórios e de
alienação das massas (vide os manifestoches), métodos que se prolongaram com a criminalização do
ex-presidente Lula e sua prisão. A mídia hegemônica e parte do poder judiciário
colaboraram decisivamente para esta situação, e ainda colaboram. Se aproveitam da falta de credibilidade da classe política e da alienação de parte da população para incrustar na sociedade um "sentimento" de limpeza moral por meio de um processo que na verdade oculta interesses verdadeiramente corruptos.
Nenhum comentário