Agricultor lança livro de poesias para falar sobre resistência e luta pela terra
Para
o poeta, a agroecologia foi o caminho que lhe inspirou e trouxe dignidade.
09/06/2018
Há 22 anos, Seu Ariulino Alves Morais, apelidado de
Chocolate, é assentado no município de Imbaú. Ao ingressar no Movimento Sem
Terra, em 1984, após passar por dificuldades como empregado na agricultura
convencional, começou a tomar consciência do direito à terra e a importância da
agroecologia.
O livro tem poemas sobre a história de vida do autor, saudades, mas principalmente sobre a terra.
Foto: Amaro Korb
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No dia a dia da luta e muitas vezes longe da família, fez
dos registros diários os seus versos que deram origem ao livro “Vida, Luta e
poesia”, lançado na 17º Jornada de Agroecologia, realizada nesta semana em
Curitiba (PR).
“Até três anos atrás eu estava nas andanças junto ao
Movimento e isso exigia de a gente ir anotando as coisas. Mas quando vi fui
transformando minhas anotações em verso. Os companheiros liam e me
incentivavam” explicou Ariulino.
O livro foi resultado do incentivo dos amigos, família e
do próprio Movimento Sem Terra. “Eu escrevia sobre as nossas reflexões das
nossas lutas pela terra. Aí vinha um camarada e dizia, se você ler bem, o
Chocolate fala sobre o que é o Estado, sobre a elite”, comentou.
O
sentido da arte
Para ele, a arte só tem sentido se baseada na realidade.
Ariulino tem uma vida rica de experiências boas e ruins, foi professor de
escolas do campo na época da ditadura militar, depois empregado em propriedades
ligadas à agricultura convencional, até chegar ao Assentamento Guanabara, onde
vive hoje plantando feijão, milho e arroz com mulher, filhos e netos.
“A arte e cultura só tem sentido se nascida da realidade,
se transformar as coisas em coisa bonita, transformar sofrimento. Ficar
chorando não resolve. Tem poesias que eu bato na elite. Não adianta eu querer
depredar o prédio do Sérgio Moro, então eu faço poesia para bater nele”, disse.
O livro com 117 páginas tem poemas sobre sua história de
vida, saudades, mas principalmente sobre a terra, reflexões críticas sobre
resistência e organização, além de outros temas referentes à conjuntura.
No poema “O nosso encontro de força e resistência”,
Chocolate escreve “…o nosso estudo aponta que o caminho é longo para seguir,
disse para nós não se iludir com programa eleitoreiro, temos que buscar mais
parceiros para a construção do nosso projeto que não vai ser mais por decreto,
mas pela luta do povo brasileiro.”
Edição: Laís Melo – Brasil de Fato
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