Governo corta verbas da educação e da saúde para bancar diesel mais barato
Políticas
públicas para mulheres, juventude e reforma agrária também serão afetadas.
Por Brasil de Fato
01/06/2018
Para bancar a política de subsídio ao preço do óleo
diesel, cujo valor para os cofres públicos será de cerca de R$ 10 bilhões, o
governo Michel Temer (MDB) anunciou uma série de cortes no orçamento de áreas
básicas como saúde e educação.
Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil via Fotos Públicas |
Políticas públicas voltadas ao enfrentamento à violência
contra a mulher, à juventude e à reforma agrária também estão na lista dos
cortes, publicados nesta quinta-feira (31) no Diário Oficial da União.
Em paralelo, além da reoneração da folha de pagamento
para alguns setores, o Planalto também aumentará a arrecadação de impostos para
exportadores, indústria de refrigerantes e indústria química.
Antes mesmo do anúncio de quais áreas seriam afetadas, a
oposição criticou a proposta do governo. A senadora e presidenta do Partido dos
Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffman (PR), destacou os impactos que o subsídio
representaria.
“O governo, ao propor subsídio e desoneração não enfrenta
o problema principal: a política de preços da Petrobras. Ou seja, vai tirar
dinheiro de quem precisa, de políticas públicas e programas dos mais pobres
para subsidiar o diesel. Na negociação que o governo fez, o foco foram as
grandes empresas de transporte”, diz.
Petroleiros
A mudança na política de preços mencionada por Hoffman,
bem como o emprego da capacidade máxima das refinarias da Petrobras, era um dos
pontos de reivindicações da recente greve dos petroleiros, impedida
judicialmente por meio de uma decisão do Tribunal Superior do
Trabalho (TST).
Alexandre Castilho, diretor do Sindicato dos Petroleiros
Unificado de São Paulo, explica que as medidas permitiriam abaixar o preço dos
derivados, já que a produção nacional é mais barata. “Qual o caminho? Voltar a
uma política de preços internos baixos, inviabilizando as importações, porque
nosso preço é mais competitivo, aumentando a produção das refinarias. Nós
podemos trabalhar com 95% da nossa carga e atender o mercado”, defende.
Quem
perde
Com os cortes no orçamento, o governo planeja economizar
R$ 3,4 bilhões. R$ 135 milhões previstos para o fortalecimento do Sistema Único
de Saúde (SUS) não serão executados. Em termos comparativos, o Planalto
destinou quase 60% deste montante – R$ 80 milhões – para garantir a execução de
operações de Garantia da Lei e da Ordem para desbloquear estradas. Um programa
de incentivo a instituições de Ensino Superior, por sua vez, deve perder R$ 55
milhões.
A gestão de políticas públicas de juventude a nível
federal também será afetada. Na reforma agrária, a assistência técnica para a
agricultura familiar, o desenvolvimento de assentamentos e a promoção da
educação no campo também sofrerão cortes.
O governo afirma também que utilizará uma reserva de
pouco mais de R$ 2 bilhões, que estavam destinados
à capitalização de empresas públicas.
Com os cortes, o limite para modificar despesas
manejáveis será ainda menor do que em 2017, ano em que serviços como a emissão
de passaportes e políticas como o combate ao trabalho escravo foram
prejudicados e até mesmo interrompidos.
Edição: Nina Fideles - Brasil de Fato
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