Apoiadores de Lula e mãe de Marielle são recebidos pelo Papa Francisco no Vaticano
Pontífice mostrou estar atento às questões política da América Latina e preocupado
com violações de direitos humanos no Brasil.
03/08/2018
Um dia depois de receber Celso Amorim - ex-ministro das Relações Exteriores do governo Lula - o Papa Francisco se reuniu com
uma delegação de brasileiros no Vaticano. O encontro ocorreu nesta sexta-feira
(3) e a comitiva denunciou violações de direitos humanos ocorridas no país, bem
como a prisão política do ex-presidente Lula.
Estiveram presentes na reunião Marinete Silva, mãe da
vereadora Marielle Franco, morta em março no Rio de Janeiro em crime ainda
não solucionado, a pastora luterana Cibele Kuss, o
ex-ministro dos Direitos Humanos Paulo Sérgio Pinheiro e a advogada Carol
Proner.
Segundo a coluna de Mônica Bérgamo, da Folha de São Paulo,
Francisco teria manifestado preocupação com o cenário político da América
Latina. "O papa está muito preocupado com a situação da América Latina e
nos disse que está acompanhando tudo de perto", disse Carol Proner.
A advogada, ainda conforme a coluna da Folha, explicou ao
pontífice a forma como a Operação Lava Jato está sendo conduzida: “com a
flexibilização de provas, de forma seletiva, e com a mídia elegendo juízes
heróis”, o que acaba gerando injustiças. Carol também disse ao Papa “que o
próprio Supremo Tribunal Federal (STF) violou um direito universal, que é o da
presunção da inocência", e que isso prejudica não apenas Lula mas milhares
de pessoas que estão na mesma situação.
Carol afirmou à colunista que então o papa repetiu
palavras semelhantes às de um discurso que fez em maio, a respeito de como "a
mídia começa a falar mal das pessoas, dos dirigentes, e com a calúnia e a
difamação essas pessoas ficam manchadas". No mesmo discurso, Francisco afirmou que "depois
chega a Justiça, as condena e, no final, se faz um golpe de Estado".
Segundo a advogada, desta vez ele disse que "tem
observado que alguém acusado por corrupção através da mídia é destruído
publicamente. Depois o juiz inventa uma legislação, não respeitando direitos,
para confirmar o processo de condenação antecipado". De acordo com Carol,
o papa teria dito ainda que "hoje as pessoas precisam provar que são
inocentes" e que isso seria "muito grave".
Francisco disse à mãe de Marielle que acompanha de perto o caso da ex-vereadora. Foto: arquivo pessoal |
Conforme a coluna de Mônica Bérgamo, o pontífice disse à
mãe de Marielle Franco que acompanha de perto o caso do assassinato da ex-vereadora.
Ele ainda manifestou preocupação com o assassinato de lideranças comunitárias,
de indígenas e de políticos que se manifestam em defesa dos direitos humanos
das minorias.
Na ocasião, Carol entregou dois livros ao papa - um sobre
o impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff e outro sobre os abusos
cometidos pela Lava Jato contra Lula. Já a mãe de Marielle presenteou o pontífice com uma camiseta com o rosto da filha.
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