Ajuda humanitária para a Venezuela tem ‘sentido provocativo’, diz Celso Amorim
“Estamos
legitimando algo que não é verdadeiro em si, não se trata de ajuda humanitária,
mas de ajuda para beneficiar uma facção”, afirma o ex-chanceler.
24/02/2019
Foto: reprodução |
A ajuda humanitária dos Estados Unidos para a
Venezuela é uma provocação para intervir no país sul-americano e
forçar a queda de Nicolás Maduro, observou nesta sexta-feira (22), o
ex-chanceler Celso Amorim. “A ajuda tem um sentido provocativo, de forçar uma
situação paramilitar que leve a uma mudança de regime”, disse em entrevista ao site Nocaute.
O governo de Jair Bolsonaro apoia a missão de ajuda
humanitária enviada pelos Estados Unidos. “Comunico que o envio de ajuda
humanitária aos venezuelanos está mantido. O Brasil inteiro mobilizou-se de
forma ágil e até o fim do dia, cerca de 200 toneladas de alimentos e
medicamentos chegam em Boa Vista-Roraima”, afirmou Bolsonaro em sua página no
Twitter ontem.
Celso Amorim comentou que essa ajuda humanitária deveria
ser imparcial e não para apoiar o líder da oposição. A ajuda chegou por Roraima
com anuência do governo Brasileiro. E teria de ser negociada por meio da ONU,
ou da Cruz Vermelha, segundo o ex-chanceler.
O governo de Donald Trump nos Estados Unidos tem se
empenhado na mudança do regime e Amorim considera essa postura “algo muito
grave”. O líder de oposição na Venezuela, que se autoproclamou governo, Juan
Guaidó, “não tem legitimidade, não foi eleito, mesmo que esteja dizendo que vai
convocar eleições”.
A ação do Brasil para facilitar a atuação dos Estados
Unidos contra o governo de Maduro nega a própria história do país, de sua
diplomacia, de não se envolver em conflitos e de respeitar a soberania de seus
vizinhos. Por isso, Amorim defende a não-intervenção na Venezuela.
“Estamos legitimando algo que não é verdadeiro em si, não
se trata de ajuda humanitária, mas trata-se de ajuda para beneficiar uma
facção”, diz.
O deputado federal (PSL-SP) Eduardo Bolsonaro, filho do
presidente Bolsonaro, no Twitter no início da madrugada deste sábado tentou
acirrar os ânimos em relação ao país vizinho, defendendo claramente a
intervenção. “O sistema cubano é um parasita que suga outros países. Não
podemos permitir que a Venezuela se torne uma nova Cuba trazendo problemas para
a região como a fome e a ação livre de grupos terroristas/narcos. Achar que o
problema da Venezuela é só dos venezuelanos é não enxergar um palmo adiante”.
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