Sob críticas, reforma da Previdência chega à Câmara dos Deputados
Opositores
reagem à medida com protestos na Casa e nas redes sociais.
Por Cristiane Sampaio - Brasil de Fato
A manifestação veio logo após o envio oficial da medida, que foi protocolada pelo governo na manhã desta quarta, após reunião de Jair Bolsonaro (PSL) e sua equipe com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP)
“Nós vamos fazer uma grande articulação política dentro do Congresso e com os movimentos sociais. A liderança da minoria será um polo de articulação dessas entidades todas da sociedade, mas também de especialistas que formulam [pesquisas] no campo da Previdência”, afirmou Jandira Feghali.
Por Cristiane Sampaio - Brasil de Fato
20/02/2019
A reforma da Previdência do governo Bolsonaro chegou à
Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (20) e provocou a indignação de
diferentes setores da sociedade brasileira e da oposição. A líder da minoria na
Câmara dos Deputados, Jandira Feghali (PCdoB-RJ), reforçou que a reforma deverá
enfrentar grande oposição na Casa.
Bolsonaro entrega a Maia texto da reforma. Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados |
A manifestação veio logo após o envio oficial da medida, que foi protocolada pelo governo na manhã desta quarta, após reunião de Jair Bolsonaro (PSL) e sua equipe com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP)
“Nós vamos fazer uma grande articulação política dentro do Congresso e com os movimentos sociais. A liderança da minoria será um polo de articulação dessas entidades todas da sociedade, mas também de especialistas que formulam [pesquisas] no campo da Previdência”, afirmou Jandira Feghali.
Após o protocolo, o texto da reforma, que tem 66 páginas,
foi registrado como Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 6/2019 e deverá ser
analisado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, que faz
análise de constitucionalidade das matérias. Caso seja aprovado, deverá ser
enviado para um colegiado especial que irá avaliar o mérito da proposta. Ainda
não há relator para a matéria.
Entre outras mudanças, o texto da reforma propõe idade
mínima de 62 anos para mulheres e 65 anos para homens terem direito à
aposentadoria, e fixa em 20 anos o tempo mínimo de contribuição para o
INSS.
A proposta traz ainda diferentes regras de transição.
Para o caso de aposentadoria por tempo de contribuição, por exemplo, o tempo
para a nova regra será de oito anos para homens e 12 anos para mulheres,
começando em 61 anos para eles e 56 para elas.
Apesar de não ter tido tempo hábil para estudar os
detalhes do conteúdo da medida, a líder da minoria antecipou a crítica de que
as novas regras tendem a dificultar o acesso dos trabalhadores à Previdência.
Ela sublinhou que a oposição irá investir num forte debate de conteúdo para
destrinchar a medida.
“O presidente Jair Bolsonaro se elegeu sem falar que
faria a reforma da Previdência. Aliás, ele não falou do Brasil na sua
eleição. Nós precisamos dizer à sociedade o significado da Previdência Social
brasileira hoje para o futuro e, principalmente, o significado dessa
reforma, que é a não aposentadoria e o favorecimento dos bancos”,
completou.
Protestos
Além de ser alvo de manifestações de rua que aconteceram
nesta quarta-feira em diferentes estados, a reforma também foi criticada
pela bancada do PSOL, que recebeu Jair Bolsonaro na Câmara com um protesto.
Portando laranjas e aventais da mesma cor, os deputados
da legenda criticaram o suposto envolvimento de aliados do governo no esquema
de candidaturas laranjas que gerou a primeira crise no Planalto e o envio da
reforma da Previdência, que tem caráter impopular, em meio a esse cenário.
Pelas redes sociais, parlamentares do PT também se
manifestaram, como é o caso do líder do partido na Câmara, Paulo Pimenta (RS).
Em seu perfil no Twitter, ele afirmou que a proposta destrói a Previdência
pública. “Chamar o texto de reforma é mais uma mentira”, disse.
A presidenta da sigla e atual deputada federal, Gleisi
Hoffman (PR), criticou, também via Twitter, o tempo de transição para a
aposentadoria por tempo de contribuição.
“Uma transição de 20 anos já é dura. De 12 anos é impor
uma mudança com grandes impactos em um período muito curto, o que desmente
completamente o engodo do governo de que a reforma da Previdência vai igualar
pobres e ricos”, disse a petista.
O governo afirma que a reforma seria necessária para
“combater desigualdades e privilégios nos setores público e privado” e
economizar cerca de R$ 1,1 trilhão no prazo de uma década.
Edição: Pedro Ribeiro
Nogueira – Brasil de Fato
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