Militares assassinavam os pais e sequestravam seus filhos
Jornalista
Eduardo Reina revela, em livro, 19 casos de adoções por militares sequestradores
ou famílias ligadas ao regime; orientação era matar crianças com mais de 6 anos.
“Existe uma não comunicação desses fatos, porque foi uma ação de Estado barrar esse tipo de informação. E eles foram muito felizes. O governo militar sabe muito bem como tratar a comunicação numa guerra, o que infelizmente a oposição faz com deficiência”, diz o autor, que recebeu ao menos novas dez suspeitas de raptos na época da ditadura com o anúncio do lançamento do livro. “Precisa apurar”, diz.
Veja matéria feita pelo SBT Brasil sobre os sequestros:
Foto: reprodução/Facebook |
01/04/2019
Casos de crianças sequestradas pelas ditaduras militares
na América do Sul, como Argentina e Chile, chamavam a atenção do jornalista
Eduardo Reina. Não só pela crueldade, mas também por um instinto jornalístico:
como não se tem notícias de casos assim no Brasil, que viveu o mesmo entre 1964
e 1985? Não se tinha vestígios até ele agir. Reina revela em seu livro Cativeiro Sem Fim, com lançamento no dia 2 de abril, ao menos 19 casos deste tipo no país.
São crianças retiradas de seus pais no Araguaia, Rio de
Janeiro, Pernambuco, Paraná e Mato Grosso. Com os pais mortos ou presos pelos
militares, os pequenos eram adotados ilegalmente pelos próprios militares
sequestradores ou por famílias próximas ao regime ditatorial. E as ações eram
similares às de um manual usado na Argentina.
“Esse manual pregava que crianças ao nascer até 4 ou 6
anos, poderiam ser adotadas por outras famílias. Acima dessa idade, eles
achavam que não poderiam mais porque as crianças já estariam contaminadas com a
subversão, com o comunismo. A orientação era matar essas crianças. Olha só a
crueldade da coisa”, conta Reina, à Ponte,
dizendo que este modus operandi foi
posto em prática na região do Araguaia (entre Pará e Tocantins). Dos 19 casos
revelados pelo livro, 11 são desta região.
Reina investigou
sequestro de crianças na ditadura militar. Foto: Márcio Schimming/Ponte
Jornalismo
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Os casos foram confirmados com investigação nos locais em
que os bebês, chamados de “filhos subversivos” e “bebês malditos”, eram
raptados e para onde foram levados. Dessa forma, o jornalista bateu documentos
que comprovavam as adoções ilegais, como caso de Juracy, homem adotado por um
militar que tinha em seu batismo o nome do pai adotivo e da mãe biológica, mas
o nome do pai aparecia diferente no documento de batismo, o batistério, na
igreja em que ele foi batizado.
“Existe uma não comunicação desses fatos, porque foi uma ação de Estado barrar esse tipo de informação. E eles foram muito felizes. O governo militar sabe muito bem como tratar a comunicação numa guerra, o que infelizmente a oposição faz com deficiência”, diz o autor, que recebeu ao menos novas dez suspeitas de raptos na época da ditadura com o anúncio do lançamento do livro. “Precisa apurar”, diz.
Veja matéria feita pelo SBT Brasil sobre os sequestros:
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