Quase 1 milhão de pessoas são afetadas por 1.500 conflitos no campo em 2018
Balanço
mostra 482 casos de violência contra as mulheres, maior número em 10 anos; foram
assassinadas 28 pessoas, sendo 15 lideranças.
Por RBA
Quase metade dos conflitos (49%) ocorreu na Amazônia. Foto: Marcello Casal/ABR |
Por RBA
13/04/2019
O número de conflitos no campo registrados pela Comissão
Pastoral da Terra (CPT) cresceu 4% em 2018, chegando a 1.489, de acordo com
balanço divulgado na tarde desta sexta-feira (12) em Brasília. O número de
pessoas envolvidas aumentou 35,6%, para 960.630. O total de mulheres envolvidas
em casos de violência chegou a 482, maior número em 10 anos.
"Muito mais que números, análises, são histórias
registradas, são pessoas, identidades, realidades", afirmou a CPT durante
o lançamento, ao lado do Centro de Documentação Dom Tomás Balduíno. As
entidades lembram que o número provavelmente é maior – estes são apenas os
casos registrados. Quase metade dos conflitos (49%) ocorreu na Amazônia.
Um dado que chama a atenção é o do aumento do total de
famílias expulsas pelo poder privado – normalmente, de forma violenta: foram
2.305, crescimento de 59% em relação a 2017. A maior parte concentra-se na
região Norte (36,3% do total), seguida de perto pelo Sudeste (35,6%). O número
de famílias despejadas (por ação judicial) cresceu menos, em torno de 6%, para
11.235.
De acordo com o relatório, o número de assassinatos caiu
significativamente – de 71, em 2017, para 28. "A CPT analisa que anos
eleitorais tendem a ter uma diminuição nesse tipo de violência. Contudo, 2019
já aponta o retorno do aumento dos assassinatos", informa a entidade, que
registrou 10 mortes violentas apenas nos quatro primeiros meses deste
ano. Das 28 mortes no ano passado, 15 foram de lideranças – rurais,
quilombolas ou indígenas.
Se o número de prisões também diminuiu (de 263 para 197),
o registro de pessoas torturadas se multiplicou: de seis casos para 27 anos
passado.
Apenas os conflitos especificamente por terra somaram
964, um pouco menos do que no ano anterior (989) e em 2016 (1.079). Mas estes
três anos foram os que mais registraram esse tipo de ocorrência no Brasil. em
2008, por exemplo, total foi de 459.
A área em disputa nos conflitos vem aumentando. De 2017
para 2018, o crescimento foi de 6,5%, para 39,425 milhões de hectares, 4,6% da
área total do país. Em 2008, a área envolvida, foi de 6,568 milhões.
"Permitam-nos frisar: em um só ano, cerca de 40 milhões
de hectares, ou seja, 4,6% da área territorial do país, estava sendo objeto de
disputa! Não há a menor dúvida que há uma questão (de reforma) agrária em
aberto!", enfatiza a CPT, lembrando ainda que essa extensão cresce a
partir de 2015, "quando se inicia o período de ruptura política".
Assista AQUI reportagem da TVT sobre o mapa da violência
no campo.
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