Quem é Ola Bini, ativista sueco preso horas depois de Assange
Considerado
um dos maiores profissionais do mundo na área de programação, ele é acusado de
colaborar com WikiLeaks.
Por Rafael
Tatemoto - Brasil de Fato
14/04/2019
Após
a prisão do fundador do Wikileaks, Julian Assange, um programador
sueco que vive em Quito, Equador, foi detido pela polícia local nesta
quinta-feira (11), enquanto se preparava para embarcar para o Japão, onde
participaria de um evento de artes marciais. Nenhum mandado ou acusação formal foi apresentada contra Ola Bini, que tem
autorização para viver e trabalhar no país.
Ativista do direito à privacidade, Ola Bini trabalha com softwares livres. Foto: divulgação/Twitter |
Pessoas próximas ao tecnólogo, que teve acesso
restrito a advogados, ainda buscam informações sobre as motivações da
ação. Algumas versões apontam que a prisão foi realizada com um mandado que
tinha como alvo um russo. Também há Informações de que foi realizada uma busca
em sua casa e nada suspeito foi encontrado.
A Polícia equatoriana informou que deteve um indivíduo
que colaborava com o WikiLeaks. No país, Bini foi retratado como um
colaborador criminoso de Assange que estaria tramando contra o governo de Lenin
Moreno e que teria realizado diversas viagens internacionais com Ricardo
Patino, ex-ministro de Relações Exteriores do governo de Rafael Correa
(2007-2017), com esse intento. O ex-chanceler repudiou as afirmações.
Leia também: WikiLeaks: se entregarem Assange aos EUA, nenhum jornalista estará seguro em nenhum lugar do mundo
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A prisão de Bini gerou uma onda internacional de
indignação. O teórico da
tecnologia, Eugeny Morozov, e a Chefe de Tecnologia e Inovação Digital de
Barcelona, para quem Ola já prestou serviços, repudiaram a ação equatoriana.
Perfil
Ola Bini é um dos programadores mais reconhecidos
mundialmente, trabalhando com softwares livres como um ativista do direito à
privacidade. Em uma eleição entre tecnólogos da Suécia, um dos países com uma
das mais qualificadas comunidades de tecnologia, foi eleito o sexto mais
importante programador do país.
O coletivo com o qual Bini trabalha listou suas ações profissionais, apontando não só sua capacidade
para o desenvolvimento de programas, mas das próprias linguagens de
programação.
O Brasil de
Fato conversou com a britânica Suzie Gilbert, documentarista e
ativista amiga de Bini. Se mostrando “chocada e supresa”, considerou a prisão
como uma situação “bizarra” e “confusa”, já que nada nas atividades do sueco
pode ser considerada criminosa.
“Todos conhecem Ola na comunidade [de tecnologia]. Aliás,
é uma comunidade pequena. Diversas pessoas que atuam nessa área já estiveram
com Assange centenas de vezes. Isso não quer dizer nada. Ele é oposto do que
pode ser chamado de hacker, ele atua pela privacidade e segurança digitais”,
afirma.
Para Gilbert, a situação no Equador aponta para um risco
crescente para a comunidade de desenvolvedores de tecnologia que atuam com
privacidade de dados: “É uma loucura, como ele seria capaz de conspirar contra
um presidente?”, questiona.
Edição: Aline Carrijo – Brasil de Fato
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