Dia da Independência é marcado por protestos contra Bolsonaro
Além do repúdio ao presidente, todos os
estados registraram atos em defesa da Amazônia, da Educação e pela liberdade de
Lula.
Por Brasil de Fato
07/09/2019
Milhares de pessoas foram às ruas de todos os estados
neste sábado (7) contra os retrocessos promovidos por Jair Bolsonaro (PSL). A
25ª edição do "Grito dos Excluídos" criticou as ações do atual
governo contra a educação pública e a soberania nacional e denunciou o
desmatamento na Amazônia.
No Recife,
manifestação ocorreu no bairro Derby, região central da capital. Foto: Levante
Popular da Juventude
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Entidades estudantis como a União Nacional dos Estudantes
(UNE) se somaram aos atos na maior parte das capitais, em mais uma edição
do chamado "Tsunami da Educação". Segundo a Central dos Movimentos
Populares (CMP), 132 cidades participaram do "Grito". O lema das
mobilizações deste ano é "Este sistema não vale: lutamos por justiça,
direitos e liberdade".
Para além das denúncias tradicionais, como a
desigualdade social, o desemprego e a restrição de direitos à maioria da população
brasileira, as manifestações deste ano ganharam o apoio dos
estudantes contra os desmontes educacionais promovidos por Jair Bolsonaro
(PSL) e seu ministro da educação, Abraham Weintraub.
O MEC divulgou esta semana que, em 2020, a Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior (Capes) só terá metade do
orçamento de 2019. Na proposta de orçamento para o ano que vem, a perda
prevista para a pasta é de 9%. "O Estado precisa de ciência e de
desenvolvimento para que toda sua população esteja bem, com dignidade",
disse a pesquisadora Thamiris Oliveira, da Associação Nacional de
Pós-Graduandos (ANPG).
Nicolas Nascimento, de 20 anos, participou do Grito dos
Excluídos pela primeira vez. Para ele, as manifestações precisam barrar a
retirada de direitos em curso no país. “Este 7 de setembro é um marco pra eles,
que defendem tanto a bandeira do Brasil, mas, na verdade, só querem entregar as
riquezas nacionais. O mais importante é, neste momento, a gente se mobilizar
contra o governo, que está tirando cada vez mais direitos”, afirmou.
Outro assunto abordado na mobilização desse ano foi o
desmatamento da Amazônia. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe), o número de queimadas na região triplicou em relação a agosto
do ano passado, passando de 10.421 em 2018 para 30.901 em 2019.
“Há 25 anos denunciamos a desigualdade social, o
desemprego e a falta de políticas públicas ataques à educação, com o
congelamento de quase R$ 6 bilhões de reais, a perseguição contra reitores e
entidades estudantis. Além disso, há o meio ambiente e a destruição da floresta
amazônica”, explicou Raimundo Bonfim, coordenador nacional da CMP.
A defesa da
Amazônia e o combate ao desmatamento fizeram parte da Grito dos Excluídos neste
ano. Foto: MAB
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Região Sudeste
Em São Paulo (SP), o ato começou às 9h na praça
Osvaldo Cruz, região central. Entre os manifestantes, havia centenas de
estudantes vestindo camisetas pretas - em sinal de "luto" – com
o rosto pintado de verde-amarelo. A medida é uma provocação ao presidente Jair
Bolsonaro (PSL), que pediu que a população saísse às ruas vestindo
verde-amarelo.
Os jovens entoaram cantos como “Ô, cara pintada voltou!”,
e “Quero estudar, para ser inteligente, porque de burro já basta o presidente”.
O ato, que segundo os organizadores reuniu 15 mil pessoas, teve como destino
final o Monumento às Bandeiras, no Parque do Ibirapuera.
"Força, Brasil! Coragem. Vai passar", disse
o escritor português Valter Hugo Mãe, que participou do ato em São
Paulo. Ele afirmou que se solidariza com "a luta de todas as pessoas
que estão a ser discriminadas pelo regime no Brasil", e
ressaltou: "Todas as minorias juntas são, afinal, a maioria".
Em Campinas (SP), as mobilizações tiveram a participação
de assentados do acampamento Marielle Vive, do Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra (MST). Cidades como Rio Claro, Mogi das Cruzes, São
José do Rio Preto e Sorocaba também registraram atos.
Em Vitória (ES) e Rio de Janeiro (RJ) também houve
manifestações contra Bolsonaro e em defesa da soberania nacional e popular.
Em Minas Gerais, protestos aconteceram em Belo Horizonte
e Montes Claros. Na capital, a concentração foi realizada no viaduto Santa
Teresa. Estudantes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) estiveram no
local, assim como Adilia Sozzi, do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras
por Direitos (MTD), que prometeu: “O número de ocupações vai aumentar,
porque o povo brasileiro vai resistir e lutar pelo direito à moradia”.
Em Montes Claros, manifestantes criticaram a empresa
Vale, responsável pelo crime de Brumadinho (MG), no início do ano, quando houve
o rompimento da barragem no Córrego do Feijão. “O lucro não vale a vida”,
dizia um dos cartazes
Centro-Oeste
A maior mobilização da região ocorreu em Brasília
(DF). Paralelamente ao desfile oficial de 7 de Setembro, realizado todos os
anos pelo governo federal e as Forças Armadas na Esplanada dos Ministérios por
ocasião do Dia da Independência, manifestantes se concentraram na Torre de TV,
a poucos quilômetros dali, para bradar por direitos sociais, garantias
trabalhistas, liberdade e soberania nacional.
As atividades envolveram oficinas e um ato
político-cultural, com a participação de representantes de mais de 50
segmentos, entre religiosos, sindicatos, movimentos populares, associações de
moradores e coletivos.
A indignação das ruas lembrou pautas como o movimento
“Lula Livre”, o combate à militarização nas escolas, a defesa da Amazônia e dos
diferentes ecossistemas, além da crítica à reforma da Previdência e à política
fiscal do presidente Jair Bolsonaro (PSL).
A luta pela
liberdade de Lula também foi lembrada no "Grito". Foto: Cristiane
Sampaio
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Os participantes condenaram o gasto de R$ 971 mil do
governo com o desfile oficial deste ano, que abocanhou 15% a mais da verba utilizada
no evento no ano passado. “Não pago esse mico. Esse desfile é pão e circo”,
bradou um grupo de percussionistas que energizou e mobilizou os manifestantes
no local.
Para a secretária-geral da Confederação Nacional dos
Trabalhadores na Agricultura (Contag), Thaisa Daiane, a confluência de forças
observada nos protestos que ocorreram neste sábado pelo país demonstrou que há
um movimento expressivo de oposição ao governo Bolsonaro.
“Eu considero como satisfatório porque a gente conseguiu
mobilizar e reivindicar. A gente está se fortalecendo. Quanto mais unidos, a
gente tem mais força. A gente não pode perder a esperança”, acrescenta.
Região Nordeste
No Recife, os pernambucanos se concentraram logo cedo, às
8h da manhã, na praça do Derby. A manifestação foi organizada por setores da
Igreja Católica, movimentos populares, organizações não-governamentais,
estudantes e partidos de esquerda.
Em seu pronunciamento, Dom Fernando Saburido, arcebispo
da Arquidiocese de Olinda e Recife, afirmou que “o 'Grito
dos Excluídos' é para sermos as vozes daqueles que precisam conquistar
seus direitos, por isso estamos aqui como Igreja, presente, cumprindo nosso
papel junto às pessoas mais pobres”.
Em Fortaleza (CE), a concentração começou às 8h, na Praia
do Futuro. A caminhada seguiu até a praça Dom Hélder Câmara, com distância
aproximada de 4km.
Ainda no Ceará, em Juazeiro do Norte, a Paróquia Nossa
Senhora das Candeias, pastorais sociais e o Movimento das Trabalhadoras e
Trabalhadores por Direitos (MTD) marcharam na sexta-feira (6).
Também na sexta, a capital João Pessoa, na Paraíba,
também reuniu Movimentos sociais, estudantes, trabalhadores e
trabalhadoras na prévia do "Grito dos Excluídos".
No Rio Grande do Norte, os atos aconteceram na cidade de
Mossoró. Educação, Amazônia e soberania nacional estiveram na pauta dos
manifestantes.
Em Salvador (BA), os atos aconteceram no centro da
capital, após o desfile cívico. Houve um protesto pacífico, na Praça Campo
Grande.
Região Sul
Em Porto Alegre (RS), no Parque da Redenção, mesmo com o
adiamento do ato dos estudantes para o dia 13 por conta do mal tempo, milhares
se reuniram em protesto. Protestos também ocorreram em cidades do interior,
como Caxias do Sul (RS).
Concentração
no parque da Redenção, na capital gaúcha. Foto: Marcelo Ferreira
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Também em Porto Alegre, chargistas mostraram obras
censuradas. As obras sobre "Independência em risco" foram expostas na
Câmara dos Vereadores, mas acabaram recolhidas em menos de 24 horas por ordem
da presidenta da casa, a vereadora Mônica Leal (PP).
Em Santa Catarina, três cidades protestos na manhã deste
sábado (7): Florianópolis, Chapecó e Joinville.
Em Curitiba (PR), os manifestantes se concentraram no
final da tarde em frente ao prédio histórico da Universidade Federal do Paraná
(UFPR), na praça Santos Andrade. Soberania nacional, defesa da educação pública
e da liberdade do ex-presidente Lula (PT) foram as principais pautas do dia.
Região Norte
Mais de 5 mil pessoas levaram faixas e cartazes para a
avenida Nazaré, em Belém (PA). A caminhada, iniciada às 10h, seguiu pela
avenida Presidente Vargas.
Nos demais estados da região, o "Grito dos Excluídos"
teve como pauta principal o fim do desmatamento e das queimadas na Amazônia,
que atingiram nível recorde no governo Bolsonaro. Além da CMP, participam dos atos a UNE, UEE, Marcha
Mundial das Mulheres, UMM, FLM, CUT, entre outras entidades.
Edição: Guilherme Henrique – Brasil de Fato
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