Lava Jato manipulou impeachment de Dilma, confessa ex-senador do PSDB
Aloysio
Nunes diz que Moro e procuradores atuavam “imbuídos de um projeto político, que
vai além do processo judicial”.
Por RBA
Por RBA
27/09/2019
Ex-ministro
das Relações Exteriores do governo Michel Temer, o ex-senador Aloysio Nunes
Ferreira (PSDB-SP) agora afirma que houve manipulação política dos procuradores
da Lava Jato e do então juiz Sergio Moro para derrubar a então presidenta Dilma
Rousseff no golpe do impeachment, em 2016. Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, publicada nesta sexta-feira (27), ele diz
que as revelações da Vaza Jato mostram que Moro e os procuradores adotaram “procedimentos de
absoluta ilegitimidade”.
Tucano foi ministro das Relações Exteriores do governo Temer. Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado |
Alvo
de delação do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, que o acusa de ter pedido
propina para campanhas do PSDB em São Paulo em troca da liberação de recursos
para obras no estado, Aloysio diz que os membros da Lava Jato atuavam “imbuídos
de um projeto político, que vai além do processo judicial”.
Ele
condenou a “divulgação parcial” dos diálogos entre Dilma e o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva. Conforme revelado pela própria Folha, em parceria
com o The Intercept Brasil, Moro ocultou as conversas de Lula que enfraqueciam a tese de que a sua
nomeação como ministro da Casa Civil serviria para livrá-lo das investigações
da Lava Jato. “Eles manipularam o impeachment, venderam peixe podre para o
Supremo Tribunal Federal. Isso é muito grave.” Além da nomeação de Lula barrada
pelo Supremo, a divulgação ilegal da conversa serviu para turbinar as
manifestações pela derrubada de Dilma.
Hoje,
Aloysio diz que apoiou o impeachment, mas não com o “mesmo entusiasmo” da
bancada do PSDB da Câmara. Contudo, no dia seguinte à votação pelos deputados
da admissibilidade do processo contra Dilma, o então senador, que presidia a
Comissão de Relações Internacionais da Casa, viajava a Washington, capital dos Estados Unidos, numa
“contraofensiva diplomática” para combater as denúncias de que impeachment, na
verdade, se tratava de um golpe.
A
deputada Margarida Salomão (PT-MG) classificou a declaração do ex-senador como
uma “barrichellada”, em referência ao seu arrependimento tardio. “Aloysio foi
um contumaz apoiador do golpe; foi ministro graças a isso. Agora, acuado por
acusações, diz que o impeachment foi manipulado e recorre ao mesmo argumento da
defesa de Lula para se defender”, postou no Twitter.
Já
o deputado Ivan Valente (Psol-SP) relacionou o impeachment com o governo
Bolsonaro: “O golpe de 2016 resultou do encontro entre o reacionarismo e a
politização de órgãos do sistema de Justiça. O colapso democrático pariu
Bolsonaro. Cabe por um fim nisso!”
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