Após 1 milhão nas ruas, Piñera anuncia troca de todos os ministros
Chilenos estão insatisfeitos com as políticas neoliberais, entre as quais o sistema de aposentadorias e o excesso de privatizações.
Por Crítica21 com
informações do Brasil de Fato e Opera Mundi
26/10/2019
"Pedi
a todos os ministros para colocar seus cargos à disposição para poder
estruturar um novo gabinete”. Assim o presidente do Chile, Sebastian
Piñera anunciou como pretende “enfrentar essas novas demandas", após mais
de um milhão de pessoas irem às ruas no dia anterior para protestar contra as políticas
neoliberais do governo.
Onda de manifestações sacode o Chile há nove dias. Foto: Carlos Figueroa |
O
pronunciamento de Piñera ocorreu na manhã deste sábado (26) no Palacio de La
Moneda, sede do Executivo chileno. Na ocasião, ele também disse que deverá suspender
o estado de emergência “a partir das 24 horas” desde domingo, a depender das
circunstâncias.
Mais
tarde, via Twitter, o presidente reforçou que já trabalha com a formação de um
novo ministério que, segundo ele, deve representar a mudança “que os chilenos
querem e merecem”.
As
manifestações desta sexta-feira foram as maiores desde o fim da ditadura
militar, em 1990. Na capital, Santiago do Chile, os protestos reuniram 1,2
milhão de pessoas, e os participantes carregavam faixas e bandeiras com os
dizeres "Chile despertou" e "Não estamos em guerra", em alusão
à fala de Piñera na última segunda-feira (21/10).
Houve apresentações
musicais também em vários pontos da cidade. As pessoas entoaram canções de
artistas históricos chilenos como Victor Jara (assassinado pela ditadura de
Pinochet), Inti Illimani e Quilapayún. Ainda foi possível ver manifestantes
gritando palavras de ordem como "renuncia, Piñera", "saúde
digna", "Assembleia Constituinte" e "Não + AFP", em
referência ao sistema de aposentadorias chileno.
Início
dos protestos
As
manifestações começaram há nove dias, com o anúncio de um aumento nas
passagens de metrô. A revolta foi tão grande que o presidente chileno voltou
atrás, mas os protestos continuaram, e com uma pauta mais ampla. Os
objetos de reclamação passaram a ser o alto preço dos serviços básicos, de
modo geral, privatizados, e a violência policial – um dos legados da ditadura
de Augusto Pinochet (1973-1990).
Analistas
políticos apontam que essa série de protestos expôs a ferida da desigualdade
social no Chile, muitas vezes oculta sob a propaganda de eficiência do
Estado e de estabilidade econômica. Os manifestantes reclamam do alto
custo de vida, dos baixos salários e aposentadorias, além de questionar a dificuldade
de acesso aos sistemas de saúde e educação.
Duramente
reprimida pela polícia militar chilena (os carabineiros) e pelo Exército,
a onda de protestos resultou em 19 mortos, 2,8 mil detidos e 295 feridos
por armas de fogo.
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