Argentina e Uruguai têm eleições presidenciais neste domingo
Frentes
de centro-esquerda lideram as pesquisas nos dois países; na Argentina, a chapa Fernández-Cristina pode vencer no primeiro turno.
Por Brasil de Fato
26/10/2019
Argentinos e uruguaios vão às urnas neste domingo (27) para as
eleições presidenciais que podem alterar a correlação de forças na América
Latina. Nos dois casos, segundo pesquisas de intenção de voto, os candidatos de
centro-esquerda estão mais bem colocados.
Alberto Fernández e Cristina Kirchner, da chapa Frente de Todos. Foto: divulgação/Facebook
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Na
Argentina, a eleição pode ser decidida em primeiro turno, com previsão de
vitória da chapa formada por Alberto Fernández e sua vice, a
ex-presidenta Cristina Kirchner. O atual presidente do país, Mauricio
Macri, aparece em segundo nas intenções de voto.
Já
no Uruguai, o candidato da Frente Ampla, Daniel Martínez, deve ser o mais bem
colocado. Levantamentos, no entanto, apontam dificuldades para o postulante ao
cargo mais alto do país em um eventual segundo turno.
Confira
alguns pontos para entender as eleições que ocorrem neste fim de semana:
Argentina
As
principais pesquisas de intenção de voto mostram uma ampla vantagem da chapa
Frente de Todos, composta por Alberto Fernández e Cristina Kirchner, com
relação ao governista Juntos Pela Mudança, aliança encabeçada por Mauricio
Macri, que tem Miguel Pichetto como vice.
Segundo
um levantamento feito pela Consultoria Gustavo Córdoba e encomendado pelo
jornal argentino Página/12, o Frente de Todos tem 54,5% das intenções de
voto. Já a chapa de Macri aparece com 31,8%. Em terceiro lugar aparece o
ex-ministro da Economia, Roberto Lavagna, com 6,1%.
Uma
pesquisa feita pelo Instituto Atlas Político também aponta uma grande vantagem
da chapa de Alberto Fernández. Segundo o estudo, o Frente de Todos conquistará
46,1% dos votos, enquanto o Juntos Pela Mudança terá 36,8%.
De
acordo com o sistema eleitoral argentino, vence a corrida no primeiro turno
quem conquistar 45% dos votos ou 40%, caso haja uma diferença de ao menos 10%
com relação ao segundo colocado. Deste modo, os dois levantamentos apontam uma
vitória da centro-esquerda já em primeiro turno.
As
pesquisas confirmam uma tendência de crescimento que já é observada desde 11 de
agosto, data em que ocorreram as primárias argentinas. Na ocasião,
Fernández e Kirchner conquistaram 47% dos votos, contra 32% de Macri e
Pichetto.
Temas
dominantes
As
discussões em torno da economia argentina dominaram a corrida eleitoral. Isso
porque o país passa por sua maior crise desde que declarou moratória às vésperas do Natal de 2001.
O
próximo mandatário terá que lidar com a crescente desvalorização da moeda
nacional frente ao dólar e com uma inflação que fechou 2018 em 47,6%, o maior
índice dos últimos 27 anos. O endividamento público do país também é um problema, tendo
a Argentina inclusive recorrido a um empréstimo de US$ 57,1 bilhões junto ao
Fundo Monetário Internacional.
A
legalização do aborto é outro tema que dominou os debates. Em 2018, a pauta
paralisou o país. Na ocasião, tramitou um projeto de legalização que chegou a
passar pela Câmara, mas foi rejeitado pelo Senado. A aprovação da lei foi
amplamente defendida por Kirchner.
Uruguai
Se
na Argentina o cenário indica uma vitória fácil da centro-esquerda, o mesmo não
acontece no Uruguai. Isso porque embora a Frente Ampla, coligação que governa o
país desde 2005, tenha vantagem no primeiro turno, poderá encontrar um cenário
polarizado na segunda fase do pleito.
Diferentes
pesquisas de intenção de voto apontam que a Frente Ampla, formada por Daniel
Martínez e sua vice, Graciela Villar, irá conquistar entre 41% e 33% dos
votos. Já o Partido Nacional, representado pelo candidato de direita Luis
Lacalle Pou e sua vice, Beatriz Argimón, conquistará entre 27% e 22%. Na
sequência aparece o Partido Colorado, que terá entre 16% e 10% dos votos.
A
partir daqui começam as dificuldades. Segundo analistas, para vencer, Martínez
deverá tentar obter uma boa quantidade de votos no primeiro turno – ao menos
40% –, uma vez que não será fácil conseguir somar forças com outros
partidos em um eventual segundo turno. Lacalle, por outro lado, teria que
formar um governo de coalizão com o Partido Colorado, algo que já ocorreu no
passado.
Diferentemente
da Argentina, as presidenciais do Uruguai são mais parecidas com as que ocorrem
no Brasil: para ser eleito, o candidato precisa conquistar 50% mais um para
vencer a disputa. Se ninguém conseguir, então o pleito irá para o segundo
turno.
O
candidato que assumir o cargo de Tabaré Vázquez terá pela frente o desafio de
minar o aumento da violência no país, que em 2018 registrou um crescimento
alarmante em comparação com o ano anterior: 45%, segundo estimativas. No
entanto, o país registrou sucessivos índices de crescimento macroeconômico nos
últimos 15 anos.
Eleições
no Congresso
Além
das eleições presidenciais, os argentinos irão renovar parcialmente a
composição do Congresso, casa em que os governistas não contam com maioria. O
pleito irá preencher 130 cadeiras na Câmara dos Deputados e 24 no Senado. Também
estão programadas eleições provinciais em Buenos Aires, Catamarca e La Rioja,
além de disputas para eleger prefeito e legisladores locais da capital do país.
Colômbia
As
eleições regionais também ocorrerão no mesmo dia na Colômbia. O pleito irá
eleger os governadores dos 32 estados, deputados, prefeitos para 1.101
municípios, e vereadores.
Edição:
Vivian Fernandes – Brasil de Fato
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