Com 99% das urnas apuradas, Evo Morales tem reeleição confirmada no 1º turno
Atual
presidente boliviano consolida favoritismo e chega ao 4º mandato com mais de 640
mil votos a mais que Carlos Mesa.
Por Daniel Giovanaz - Brasil de Fato
24/10/2019
Representante
do Movimento ao Socialismo (MAS), Evo Morales foi reeleito presidente do
Estado Plurinacional da Bolívia em primeiro turno na tarde desta
quinta-feira (24), com 47,04% dos votos. O quarto mandato começa em janeiro de 2020
e termina em dezembro de 2025.
Evo supera os 10% de vantagem sobre Mesa, evitando o segundo turno. Foto: Twitter/Fotos Públicas |
A
apuração manual, iniciada no domingo
(20) de eleições, durou cinco dias e foi marcada pelo equilíbrio em relação
ao segundo colocado Carlos Mesa, da Comunidade Cidadã. Para vencer as
eleições em primeiro turno, Morales precisava de 10 pontos percentuais de
vantagem, e superou essa marca após 99% das urnas apuradas – a diferença sobre
Mesa chegou a 10,5 pontos percentuais, cerca de 642 mil votos, e a
curva de crescimento tornou-se irreversível para o candidato opositor.
Em
terceiro lugar, ficou o pastor evangélico Chi Huyn Chung (Partido Democrata
Cristão), com 8,8% dos votos.
Um
país em crescimento
Com
193 golpes de Estado entre 1825 e 1982, a Bolívia experimentou durante os 14
anos de governo do MAS uma estabilidade política e econômica sem
precedentes. O Produto Interno Bruto (PIB) cresce em uma média acima dos 4% ao
ano, e a pobreza extrema caiu de 38,2% para 15,2%.
Analistas
políticos bolivianos têm interpretado que a nova reeleição de Morales
encerraria esse ciclo de estabilidade e conciliação, tamanha revolta demonstrada pela oposição durante a contagem dos votos.
Polêmicas
Desde
o início da campanha, o ex-presidente Mesa tem colocado em dúvida a
credibilidade do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE). Às vésperas da votação,
falou em "resistência civil" em caso de derrota em primeiro turno, instigando
a população a não aceitar o resultado das urnas.
No
domingo, ele ressaltou sua desconfiança em relação ao órgão eleitoral e
convocou a Organização dos Estados Americanos (OEA) e embaixadores de países da
União Europeia a questionarem o processo de apuração.
Na
Bolívia, existem dois
caminhos para divulgação dos votos. Além do sistema de Transmissão de
Resultados Eleitorais Parciais (TREP), baseado nas atas que vêm dos colégios
eleitorais, é realizada a recontagem manual dos votos de cada local de votação.
Esta segunda forma, que leva ao resultado oficial, é mais precisa e
mais lenta.
O
TREP foi divulgado no domingo (20) à noite, com 84% das urnas apuradas, e
interrompido logo em seguida – segundo o TSE, para evitar confusão entre
as duas apurações paralelas. "Queríamos evitar confusão. Um mesmo órgão
não pode divulgar dois resultados diferentes", disse a presidenta do órgão,
María Eugenia Choque.
Nas
eleições anteriores, o TREP costumava ser divulgado até 100% das urnas no mesmo
dia da votação. A diferença, desta vez, é que a primeira parcial
deixou o resultado da disputa presidencial em aberto, por isso o TSE optou
pela suspensão.
A
oposição não aceita esse argumento e alega que houve fraude. Desde
domingo, eleitores contrários à reeleição de Evo têm protagonizado casos
de vandalismo – desde incêndios em tribunais regionais até protestos em frente
ao hotel onde o TSE realiza suas coletivas de imprensa, no centro da
capital La Paz.
Em
resposta, Morales decretou
estado de emergência na última quarta-feira (23) e convocou a população boliviana a defender a democracia contra as tentativas de golpe
capitaneadas por Mesa. No dia seguinte, o chefe de Estado chamou o opositor de
"covarde" e "delinquente", por estimular a violência na
Bolívia, disse que as atas estão disponíveis para auditorias e pediu
mobilização permanente para assegurar que os resultados das urnas sejam
respeitados.
Edição:
Rodrigo Chagas – Brasil de Fato
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