Lula é reconhecido preso político com título de Cidadão Honorário de Paris
A
honraria é atribuída a personalidades presas ou em perigo por suas opiniões
políticas; Mandela e cacique Raoni já foram agraciados.
E considera que, diante do que ocorre com o ex-presidente “todos os defensores da democracia no Brasil são atacados”. Assim, “pela luta constante da cidade de Paris pelos direitos humanos, expressa seu desejo em conceder a homenagem”.
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O ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, a médica indiana Taslima Nasreen e a advogada iraniana Shirin Ebadi são algumas das personalidades que obtiveram a proteção da cidade de Paris e o reconhecimento como perseguidos políticos que não se beneficiaram de um processo justo. “É um símbolo forte para a democracia no Brasil”, define Maud.
Por RBA
03/10/2019
O
ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva foi agraciado com o título de Cidadão de Honra da
cidade de Paris. A votação ocorreu na tarde desta quinta-feira (3). O Conseil
de Paris, espécie de Câmara dos Vereadores da capital francesa, afirma
que a luta de Lula pelos direitos humanos, a justiça social, a proteção do
meio ambiente, são “valores guardados pela cidade de Paris e que colocaram o
político em perigo pelo seu engajamento”.
Ex-presidente sul-africano Nelson Mandela recebeu o mesmo título. Foto: Ricardo Stuckert |
E considera que, diante do que ocorre com o ex-presidente “todos os defensores da democracia no Brasil são atacados”. Assim, “pela luta constante da cidade de Paris pelos direitos humanos, expressa seu desejo em conceder a homenagem”.
“Trata
de uma honraria muito importante, só atribuída 17 vezes desde sua instauração
em 2001, a personalidades presas ou em perigo por suas opiniões políticas”,
afirma a historiadora francesa Maud
Chirio.
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O ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, a médica indiana Taslima Nasreen e a advogada iraniana Shirin Ebadi são algumas das personalidades que obtiveram a proteção da cidade de Paris e o reconhecimento como perseguidos políticos que não se beneficiaram de um processo justo. “É um símbolo forte para a democracia no Brasil”, define Maud.
O líder
indígena da região do Xingu, Cacique Raoni,
é o único outro brasileiro já premiado com essa homenagem, em 2011. Raoni foi
atacado pelo presidente Jair Bolsonaro em seu discurso na
Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em setembro.
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Política
proativa
A
iniciativa foi da prefeita de Paris, a socialista Anne Hidalgo, que em
comunicado ressaltou o compromisso de Lula com a redução das desigualdades
sociais e econômicas no Brasil permitiu que quase 30 milhões de brasileiros
saíssem da extrema pobreza e acessassem direitos e serviços essenciais.
“Lula
se destacou por uma política proativa de combate às discriminações raciais
especialmente marcadas no Brasil”, acrescentou a prefeita, dizendo que “por
meio de seu compromisso político, todos os defensores da democracia no Brasil
são atacados”.
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“O Comitê dos Direitos Humanos da ONU pediu às autoridades brasileiras que assegurassem os direitos civis e políticos de Lula, principalmente o de ser candidato. Mas ele teve esse direito negado, apesar de chefes de Estado europeus, de parlamentares franceses e de juristas internacionais denunciarem a inconsistência das provas apresentadas pela acusação”, diz o texto da prefeitura.
“O Comitê dos Direitos Humanos da ONU pediu às autoridades brasileiras que assegurassem os direitos civis e políticos de Lula, principalmente o de ser candidato. Mas ele teve esse direito negado, apesar de chefes de Estado europeus, de parlamentares franceses e de juristas internacionais denunciarem a inconsistência das provas apresentadas pela acusação”, diz o texto da prefeitura.
A
agência de notícias AFP lembra que Lula, que completará 74 anos em 27
de outubro, governou o Brasil de 2003 a 2010 e cumpre condenação a oito anos e
10 meses de prisão desde abril de 2018. Condenado por uma investigação da
Operação Lava Jato atualmente questionada, Lula continua reivindicando sua
inocência.
O
noticioso francês reforça que o ex-presidente de esquerda sempre afirmou ser
vítima de uma conspiração política que tinha por objetivo impedi-lo de voltar
ao poder quando era o favorito na eleição presidencial de outubro de 2018, que
resultou na vitória do candidato de extrema-direita Jair Bolsonaro.
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