Chile anuncia realização de plebiscito para nova Constituição
Acordo entre governo e oposição prevê
consulta popular em 2020 para substituir Carta Magna da ditadura Pinochet.
Por Brasil de Fato
15/11/2019
O Congresso do Chile decidiu, nesta sexta-feira
(15), realizar um plebiscito sobre a criação de uma nova Constituição. O acordo
entre governo e oposição é uma resposta aos protestos que tomaram as ruas do país e já duram cerca de um mês. A consulta à população deve ser realizada
em abril de 2020. A Constituição atual do país foi criada durante a
ditadura de Augusto Pinochet, uma das mais sangrentas da América Latina.
Manifestações pressionaram por mais direitos e participação popular. Foto: reprodução |
Pelo acordo, depois que for elaborada a nova Carta Magna
ela precisará ser ratificada em outro plebiscito. Segundo o presidente do
Senado, Jaime Quintana, do Partido Democrático, da oposição de centro-esquerda,
a nova consulta deverá coincidir com as eleições presidenciais e parlamentares
de 2021.
"É uma resposta política com uma letra maiúscula,
que pensa no Chile e também assume sua responsabilidade", disse Quintana.
Ele fez o anúncio em coletiva de imprensa em Santiago junto com líderes dos
principais do país, de governo e oposição.
O documento que registra o compromisso de convocar o
plebiscito foi chamado de Acordo pela Paz e a Nova Constituição. Ele prevê que
a consulta popular deverá conter duas questões: a decisão sobre realizar ou não
uma nova Constituição e que tipo de órgão deverá escrevê-la.
A segunda questão diz respeito à composição do órgão que
deverá elaborar o texto constitucional. Ele poderá ser uma "convenção
constitucional mista", alternativa defendida pelos partidos de direita,
composta metade por membros eleitos para esse fim e metade pelos parlamentares
em exercício, ou uma "convenção ou assembleia constitucional", com 100%
dos membros escolhidos exclusivamente para elaborar a Constituição. Essa
segunda proposta é apoiada pelos partidos de oposição.
A eleição dos membros da constituinte, caso ela seja
aprovada no plebiscito, será realizada junto com as eleições regionais e
municipais de outubro de 2020. O texto final será depois submetido a nova
consulta popular em 2021.
Desde o final da ditadura de Pinochet, em 1990, estas são
as maiores mobilizações sociais do Chile. A violência da repressão também
lembra o período ditatorial. Ao menos 20 pessoas foram mortas e milhares foram
feridas ou presas.
Edição: Cris Rodrigues – Brasil de Fato
Nenhum comentário