Bolsonaro ignora coronavírus e participa de manifestação contra Congresso e STF
Mesmo após desestimular atos, presidente
cumprimentou manifestantes e tirou selfies em frente ao Palácio do Planalto.
Por Brasil de Fato
15/03/2020
O presidente Jair Bolsonaro ignorou a pandemia do
coronavírus e participou neste domingo (15) de manifestação contra o Congresso
e o Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília. Na quinta-feira (12), ele
próprio havia recomendado que os atos não ocorressem em razão do alastramento
mundial da Covid-19.
Presidente incentivou as aglomerações deste domingo, contrariando recomendações sanitárias. Foto: José Cruz/Agência Brasil |
Desde a manhã, no entanto, ele estimulou seus apoiadores
para as manifestações por meio das redes sociais. Bolsonaro deixou o
Palácio do Alvorada por volta do meio-dia e percorreu, de carro, a Esplanada
dos Ministérios. Apoiadores o seguiram em carreata. Ele transitou com vidros
fechados e não desceu em nenhum momento.
Pouco depois, o presidente foi ao Palácio do Planalto.
Ele desceu a rampa e caminhou até cerca de 100 manifestantes para
cumprimentá-los e tirar selfies – manuseando celulares de alguns deles sem
se importar com os riscos de contaminação. Muitos dos presentes usavam máscaras
pintadas de verde e amarelo.
Os atos pró-governo e de ataque aos outros poderes ocorreram
em vários pontos do Brasil. No Rio de Janeiro, milhares de manifestantes se
reúnem na praia de Copacabana, desde às 10h.
Em São Paulo, o ato ocorreu na Avenida Paulista, com
concentração em frente à Fiesp. O público, em parte também com máscaras, gritava
contra o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o presidente do Senado,
Davi Alcolumbre (DEM-AP), o presidente do STF, Dias Toffoli e o governador de
São Paulo, João Doria (PSDB).
Em um carro de som, líderes do movimento chamaram o
coronavírus de mentira. Eles insinuaram que o surto foi usado por adversários
de Bolsonaro, como Doria, para cancelar as manifestações.
Crime de responsabilidade
Bolsonaro usou as redes sociais para mostrar vídeos dos
protestos desde o começo do domingo. Na quinta-feira (12), ele usou a cadeia
nacional de TV para se pronunciar sobre os atos – àquela altura, desestimulando
o movimento.
Para o professor de direito constitucional da
Universidade Presbiteriana Mackenzie, Alessandro Soares, a
atitude se trata de mais um crime de responsabilidade do presidente, uma
vez que houve utilização do recurso e estruturas públicas para manifestações de
caráter particular.
Embora tenha caminhado entre as pessoas e ignorado as
recomendações de autoridades sanitárias, Jair Bolsonaro deveria estar em
isolamento, já que terá de fazer um novo exame nos próximos dias para confirmar
se está ou não com coronavírus, de acordo com o jornal O Estado de
S. Paulo.
Na semana passada, ele esteve nos Estados Unidos
acompanhado de seu secretário da Comunicação, Fábio Wajngarten, que foi a
primeira pessoa da comitiva do presidente a testar positivo para o vírus. Até
este domingo (15), resultados mostraram que outras dez pessoas da comitiva
também estão infectadas, conforme noticiou o Fantástico, da TV Globo.
Edição: Luiza Mançano – Brasil de Fato (com atualização do Crítica21 no último parágrafo)
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