Cultos, missas e encontros religiosos são proibidos pela Justiça de SP
Decisão atende ação movida pelo Ministério
Público e visa conter a propagação do coronavírus no estado.
Por Brasil deFato
21/03/2020
O Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu, na noite
desta sexta-feira (20), pela suspensão e proibição de missas, cultos ou
quaisquer atos religiosos, como medida de contenção ao avanço
do coronavírus no estado. A decisão é do juiz Randolfo Ferraz de
Campos e se aplica a reuniões de fiéis ou seguidores em qualquer número e para
todas as religiões.
Foto: Demétrio Koch/Fotos Públicas |
A multa pelo descumprimento da determinação foi fixada em
R$ 10 mil para os responsáveis por convocar o encontro. O magistrado atendeu à
Ação Civil Pública ingressada pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP)
e justificou a rápida decisão – tomada em menos de 3 horas –
afirmando que "estudos mostram que apenas um dia de demora na adoção
de medidas pode gerar dezenas de milhares a mais de infecções".
Campos também cita em sua decisão o fato de que
"apenas um evento religioso na Coreia do Sul gerou 3 mil testes
positivos", acolhendo a argumentação do MPSP, que pediu urgência
considerando que a maioria dos cultos mais numerosos ocorre nos finais de
semana e pediu "providências cabíveis no âmbito administrativo, sanitário
e penal para que líderes religiosos, dentre os quais Silas Malafaia e Edir
Macedo, não convoquem seus fiéis e seguidores para a celebração de
cultos".
O Ministério Público destacou na ação o potencial de
propagação da doença nos grandes templos situados na cidade de São Paulo e usou
como exemplo o Templo de Salomão, da Igreja Universal do Reino de Deus, que
pode reunir até 4 mil pessoas.
Desafio
Segundo apuraçãoda Agência Pública, publicada na quinta-feira (19), megaigrejas como a
Universal do Reino de Deus de Edir Macedo, a Assembleia de Deus Vitória em
Cristo de Silas Malafaia e a Igreja Mundial do Poder de Deus, de Valdemiro
Santiago continuavam funcionando normalmente.
Todas as igrejas citadas têm milhares de templos
espalhados pelo país e suas sedes, em São Paulo, têm capacidade para 10
mil pessoas, 6 mil pessoas e 15 mil pessoas, respectivamente. A decisão judicial se dá, portanto, em um cenário em que
líderes religiosos vêm desafiando medidas de combate à proliferação da
doença.
Malafaia, por exemplo, desafiou o decreto publicado pelo
governador João Doria, recomendando a suspensão de cultos e missas no estado. O
pastor publicou em suas redes sociais mensagens citando trechos da bíblia que
incentivam fiéis a não temer "praga alguma". O pastor já havia
afirmado anteriormente que só encerraria seus cultos com uma decisão judicial.
Edir Macedo também tem se recusado a interromper os
cultos presenciais. “Veja só, todo mundo está falando no coronavírus e o
mundo inteiro está ajoelhado diante dessa maldição, dessa praga chamada
coronavírus. Muitas pessoas estão internadas, muitas pessoas estão em
quarentena e o pior, a maioria das pessoas – porque no planeta são 7,5 bilhões
de pessoas e morreram algumas milhares de pessoas com essa praga – mas, o pior
de tudo é que a maioria das pessoas não sabe que a maior praga não é a
coronavírus, é a coronadúvida e para você enfrentar o coronavírus, que é a
coronadúvida, você que está ileso do coronavírus, você tem que estar com o
antídoto que é chamado de coronafé”, afirmou o líder da Igreja Universal em
vídeo publicado em suas redes sociais.
Edição: Rodrigo Chagas – Brasil de Fato
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