Lula encontra pai de Assange e defende liberdade de fundador do WikiLeaks
Em Genebra, ex-presidente também se reuniu com movimentos sindicais e organização religiosa.
Por Brasil de Fato
06/03/2020
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu nesta
sexta-feira (6) a visita de John Shipton, pai de Julian Assange. Desde que foi
expulso da embaixada do Equador, em abril de 2019, o fundador do WikiLeaks
está preso em Londres.
Lula expressou solidariedade a Julian Assange por meio de seu pai, John Shipton. Foto: Ricardo Stuckert |
"Toda minha solidariedade ao fundador do WikiLeaks.
A humanidade deveria exigir sua liberdade. Ao invés de preso ele deveria ser
tratado como um herói", postou Lula em seu perfil no Instagram.
Amigos e pessoas próximas ao ativista se manifestaram
publicamente sobre estado de saúde e afirmam que ele foi submetido a situações de maus tratos na prisão. Em fevereiro, Lula já havia entregado uma carta
de Shipton ao Papa Francisco. Ele também assinou uma petição pela liberdade do
fundador do WikiLeaks.
O encontro entre Lula e o pai de Assange ocorreu na
cidade de Genebra, na Suíça, onde o ex-presidente participa de uma série
de encontros para discutir o enfrentamento à desigualdade social e o
movimento dos trabalhadores pelo mundo contra a retirada de direitos.
Leia também: Se entregarem Assange aos EUA, nenhum jornalista estará seguro em nenhum lugar do mundo
Nesta quarta-feira (6), ele se reuniu com o Conselho
Mundial de Igrejas (CMI), que congrega cerca de 340 igrejas espalhadas por aproximadamente
120 países. No encontro, o ex-presidente falou sobre a desigualdade social,
tema central do encontro com o papa Francisco no Vaticano, no começo da
caravana pela Europa, no dia 13 de fevereiro.
“Vim trazer um testemunho. O de que é possível resolver o
problema dos pobres no mundo. Não é teoria. Enfrentar ou não a fome é uma
decisão política”, postou Lula em seu perfil no Facebook
“Explico que sou contra as igrejas serem partidarizadas.
Acho que na hora da eleição os pastores votam com a consciência deles. Mas na
pregação eles tem que defender os mais pobres. Os esquecidos. Os
marginalizados. Essa é a causa de Jesus Cristo”, avaliou o ex-presidente.
Lula também defendeu a construção de um ambiente mais
solidário. “Eu não preciso ser evangélico para defender os evangélicos. Não
preciso ser de uma religião de matriz africana para defender uma pessoa dessa
religião. O que eu preciso é defender o livre exercício de cada religião. É
preciso criar o mínimo da harmonia entre os seres humanos. E acredito que isso
é possível como acredito em Deus. Pode demorar, mas vamos trabalhar pra
isso acontecer”, ressaltou.
No período da tarde, a caravana teve encontros com o
movimento sindical e a direção da Organização Internacional do Trabalho,
informa João Paulo Rodrigues, coordenador nacional do Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que está acompanhando o ex-presidente
Lula na caravana pela Europa.
Segundo Rodrigues a estadia em Genebra termina hoje
mesmo. A partir de segunda-feira (9), a caravana segue em Berlim para reuniões
com o movimento sindical e partidos de esquerda. O coordenador do MST também
afirmou que Lula tem lançado como principal desafio, aos governantes e órgãos
internacionais da Organização das Nações Unidas (ONU), o tema referente ao combate
à desigualdade por meio da distribuição de riqueza.
“De um modo geral as audiências têm sido muito boas. As
caravanas têm sido muito importantes. Impressionante como é a referência do
Lula [no exterior] e como ele tem sido recebido ao longo dos dias nessa
caravana”, conta.
Nesta quinta, Lula encontrou Richard Kozul Wright,
diretor da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento
(UNCTAD), órgão vinculado à ONU. Eles conversaram sobre o colapso do sistema
capitalista em cima da financeirização e como isso aprofunda a desigualdade no
mundo.
Edição: Leandro Melito – Brasil de Fato
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