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Em queda de braço com Bolsonaro, Mandetta anuncia que fica no Ministério da Saúde

Ministro reforça pedido de medidas de isolamento social, reclama de ambiente no governo e pede "paz para trabalhar".

Por Igor Carvalho - Brasil de Fato
06/04/2020

Depois de um dia inteiro pendurado no cargo, Luiz Henrique Mandetta, ministro da Saúde, comunicou que continuará no comando do Ministério, mas manteve o tom crítico ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido). O anúncio foi feito na noite desta segunda-feira (6), em entrevista coletiva em Brasília.

Em entrevista coletiva, Luiz Henrique Mandetta anuncia que fica no cargo de ministro da Saúde. 
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil/Fotos Públicas  
"Nós vamos continuar, porque continuando a gente vai enfrentar nosso inimigo. Nosso inimigo tem nome e sobrenome: é a Covid-19. Temos uma sociedade para tentar lutar proteger. Médico não abandona paciente, eu não vou abandonar. Hoje foi um dia que o trabalho no Ministério rendeu pouco. Ficou todo mundo com a cabeça avoada se eu ia sair. Muitos vieram em solidariedade, e agradeço. [Tinha] Gente aqui dentro limpando gaveta, pegando as coisas. Até as minhas gavetas vocês ajudaram a fazer as limpezas”, explicou.

Em seguida, Mandetta alfinetou Jair Bolsonaro. “Gostamos da crítica construtiva, o que temos muita dificuldade, é quando em determinadas situações, a crítica não vem no sentido de construir, mas para trazer dificuldade no ambiente de trabalho. Isso, eu não preciso traduzir, vocês sabem exatamente do que estou falando. O Ministério da Saúde toma uma decisão e tem que voltar atrás”, afirmou.

Durante a coletiva, o ministro pediu serenidade e tranquilidade para poder conduzir as medidas do governo federal para combate ao coronavírus. “No final de semana foi de muita reflexão e cada um voltou, no domingo à noite, com as baterias voltadas e sofremos com outro solavanco. Esperamos que a gente possa ter paz para poder trabalhar.”

“Ciência, esse é o foco”
Sobre o coronavírus, Mandetta foi enfático e afirmou que o país não está preparado para uma escalada de casos em nossas grandes metrópoles. "Ainda temos muito o que fazer, mas estamos melhores”, considerou.

Ainda de acordo com o ministro, os nervos estão à flor da pele por conta da imprevisibilidade provocada pelo coronavírus. “É muito difícil trabalhar num sistema onde não sabemos como será o próximo dia ou na próxima semana. Não sabemos como a doença vai se comportar aqui, se será como se comporta em outros países”, agregou. 

No final do pronunciamento, o ministro da Saúde voltou a lembrar que o isolamento é a solução para o país, tese que antagoniza com a de Bolsonaro, e pediu “foco na ciência. Ciência, ciência e ciência, esse é o nosso foco.”

Edição: Rodrigo Chagas – Brasil de Fato

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