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STF barra Ramagem para chefia da PF, e Bolsonaro revoga nomeação

Delegado escolhido pelo presidente é amigo de Bolsonaro e filhos, o que aumentou as suspeitas de controle político e familiar do órgão de investigação.

Por Crítica21 – com informações do Brasil de Fato e G1
29/04/2020

O presidente Jair Bolsonaro revogou a nomeação do delegado Alexandre Ramagem para o cargo de diretor-geral da Polícia Federal (PF), por meio de decreto publicado na tarde desta quarta-feira (29). A decisão veio depois que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinou a suspensão da escolha do agente para o cargo.
 
Ramagem teve sua nomeação à chefia da PF revogada; ele é amigo da família Bolsonaro. 
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil/Fotos Públicas
A decisão de Moraes, em caráter liminar, foi tomada em ação movida pelo PDT (Partido Democrático Trabalhista). O ministro afirmou que há indício de desvio de finalidade na escolha de Ramagem, "em inobservância aos princípios constitucionais da impessoalidade, da moralidade e do interesse público". 

Além disso, o magistrado destacou na decisão as afirmações do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, segundo quem Bolsonaro queria "ter uma pessoa do contato pessoal dele” no comando da PF, “que pudesse ligar, colher informações, colher relatórios de inteligência”. 

A decisão também faz referência às mensagens que Moro revelou ao Jornal Nacional, na última sexta-feira (24). Numa delas, Bolsonaro envia link de uma notícia que trata da investigação de deputados bolsonaristas pela PF. Bolsonaro escreve a Moro: “Mais um motivo para a troca”, se referindo ao seu desejo de demitir o então diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, e colocar alguém de sua confiança. 

Bolsonaro exonerou Valeixo na última sexta-feira, à revelia de Moro, que deixou o governo no mesmo dia. Em seu lugar assumiu o advogado-geral da União, André Mendonça. Ele tomou posse na tarde desta quarta-feira (29). 

Carlos Bolsonaro
Pela indicação de um amigo da família para a PF, o presidente foi duramente criticado, por juristas e políticos. Uma das pessoas que deseja Ramagem na chefia do órgão investigador é Carlos Bolsonaro, filho "02" do presidente. O "02" é alvo de inquérito na PF sobre crimes cometidos por milícia virtual. Um dos braços dessa facção é o “Gabinete do Ódio”, cujas ações ocorreriam no Palácio do Planalto. 

Nota da AGU
Logo após a publicação do novo decreto por parte de Bolsonaro, a Advocacia-Geral da União (AGU), que faz a defesa jurídica do Executivo, divulgou nota em que afirma que não irá apresentar recurso contra a liminar de Moraes. No entanto, mais tarde, o presidente disse a apoiadores e jornalistas na frente do Palácio do Planalto que era um dever da AGU recorrer, e arrematou: “Quem manda sou eu”. 

Edição: Anderson Augusto de Zottis Soares – Crítica21

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