Suécia suspende uso da cloroquina contra coronavírus
Hospitais do país europeu interromperam o uso
do medicamento após ocorrências de arritmias e paradas cardíacas e perda
parcial da visão.
Por Fabio
M Michel - RBA
10/04/2020
Hospitais das regiões das cidades de Estocolmo e de
Gotemburgo, as maiores da Suécia, anunciaram nesta sexta-feira (10) que pararam
de administrar a cloroquina em pacientes com Covid-19, a doença
provocada pelo novo coronavírus, após a ocorrência de diversos efeitos
colaterais considerados graves, como arritmia e parada cardíaca, além de perda
da visão periférica. As informações são da Rádio France Internacional (RFI).
Hospital Sahlgrenska, o maior a Suécia, suspendeu o uso da cloroquina no tratamento da Covid-19. Foto: divulgação |
“Tomamos a decisão de interromper o uso da cloroquina
diante de uma série de casos suspeitos de efeitos colaterais severos, sobre os
quais tivemos notícia tanto aqui na Suécia como através de colegas de hospitais
em outros países”, disse o médico sueco Magnus Gisslén, professor da
Universidade de Gotemburgo e chefe do Departamento de Doenças Infecciosas do
Hospital Universitário Sahlgrenska, o maior hospital da Suécia e um dos maiores
da Europa.
Segundo a RFI, todos os hospitais da região de Västra
Götaland – incluindo a cidade de Gotemburgo, a segunda maior do país – pararam
de administrar a substância em pacientes com Covid-19. Diversos hospitais da
capital sueca – entre eles o Södersjukhuset, um dos maiores de Estocolmo –
também já anunciaram a suspensão do medicamento.
“No início da crise do coronavírus, começamos a
administrar a cloroquina em pacientes de Covid-19, o que já vinha sendo feito
em países como China, Itália e França. Mas diante de suspeitas de que o remédio
pode ter efeitos colaterais mais graves do que pensávamos, optamos por não
arriscar vidas. Não se pode descartar que o medicamento possa inclusive piorar
o quadro clínico do paciente”, observa o médico sueco.
Defendida pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido)
como possível cura para a Covid-19 e justificativa por seu posicionamento contrário às medidas de distanciamento social
para reduzir os casos e mortes pela pandemia, a cloroquina – ou sua variante, a
hidroxicloroquina – é indicada para o tratamento da malária, mas em diversos
países tem sido testada em pacientes com coronavírus, apesar de não haver
comprovação científica de sua eficácia nesses casos.
“Recomendações médicas devem ser feitas por
especialistas, e não por políticos”, destacou Gisslén. O professor reforça a
preocupação de que ainda não há evidências por trás de anúncios e reportagens
de que a cloroquina possa ser eficaz no tratamento da Covid-19. “Vamos,
portanto, aguardar até que se possa ter provas mais robustas em torno do uso da
cloroquina”, completou.
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