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Áudio mostra pressão de Dallagnol a juíza que condenou Lula em sentença ‘copia e cola’

O então chefe da facção lavajatista se encontrou com a juíza Gabriela Hardt, substituta de Sergio Moro na 13ª Vara de Curitiba, para que ela condenasse às pressas o ex-presidente.

Deltan Dallagnol em 2015 quando comandava a força-tarefa da Lava Jato. Foto: José Cruz/Agência Brasil

Por Crítica21
04/03/2021

As trapaças da Lava Jato estão ficando cada vez mais explícitas. Assim como a índole do chefe da facção de Curitiba, Deltan Dallagnol. Nesta quinta-feira (4), a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou novas mensagens da Operação Spoofing que escancaram as ilegalidades e condutas inapropriadas dos procuradores lavajatistas. 

Mas desta vez foi divulgado áudio inédito em que Dallagnol pressiona a juíza Gabriela Hardt, substituta do então juiz Sergio Moro na 13ª Vara de Curitiba, para que ela condenasse às pressas o ex-presidente. A revelação foi feita pelos advogados Cristiano Zanin e Valeska Teixeira Martins em nova petição ao STF (Supremo Tribunal Federal). 

O áudio revela o esforço desesperado dos procuradores para que Gabriela assinasse a sentença contra Lula antes que fosse nomeado um novo juiz para substituir Moro na 13ª Vara quando ele virou ministro do governo Bolsonaro. O diálogo mostra que Dallagnol se encontrou pessoalmente com a magistrada. Poucos dias após a reunião, Gabriela emitiu uma sentença que assumidamente aproveitou o texto da sentença de Moro sobre o tríplex, com vários erros crassos, como confundir o nome de uma pessoa como se fosse duas diferentes ou chamar o sítio de apartamento. 

A petição da defesa de Lula também mostra os bastidores da atuação ilegal de Moro, dos procuradores e demais integrantes do sistema de Justiça para pressionar que não fosse cumprida ordem judicial de soltura do ex-presidente emitida pelo desembargador do TRF-4 Rogerio Favretto em 8 de julho de 2018. O STF reconheceu, posteriormente, a legalidade da decisão de Favretto. 

Ouça o áudio de Dallagnol e confira abaixo a transcrição:

 

“Isabel, falei com a Gabriela. A Gabriela é ... perguntei dos casos, né? Perguntei primeiro do caso do sítio, se ela ia sentenciar. Aí ela disse: Olha, você está vendo isso aqui na minha frente? Aí tinha uma pilha de papel grande na frente dela. Eu falei: Tô. Ela falou: O que você acha que é isso aqui? Aí eu sei lá, chutei lá qualquer coisa. Aí ela falou: Isso aqui são as alegações finais do Lula. É ... que estão lá com umas 1.600 páginas. 

Aí ela falou: Olha, tô tentando fazer isso aqui, tá todo mundo esperando que eu faça isso, mas tô aqui eu e o Tiago, e fora isso aqui - que é uma sentença – eu tenho mais 500 casos conclusos pra decisão. Que horas eu vou fazer isso aqui? Só se eu vier aqui e trabalhar da meia-noite às seis. Tem todas as operações. Tem as prisões que vocês pediram. Tem isso, aquilo.  

Então ela tá assim bem, bem, ela falou de um modo bem cordial, toda querida, com boa vontade, querendo fazer o melhor, mas ela tá bem, assim, bem esticada. Sabe? E aí ela disse que vai sentenciar o caso do sítio, mas o outro ela não tem a menor condição de sentenciar.  

E já abriu hoje o edital de remoção, hoje mesmo dia 10, e vai estar encerrado dia 22. Então isso aí certamente vai ficar pro próximo juiz.  

É, se você tiver alguma ideia, alguma proposta pra fazer algo diferente, a gente precisaria ir lá conversar com ela, mas, assim, eu senti as portas bem fechadas pra isso. Parece bem inviável, mas se tiver alguma sugestão diferente vamos pensar juntos sim. Beijo.”

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