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Governo Bolsonaro pediu propina de US$ 1 por dose de vacina, diz jornal

Acusação foi feita por homem que se coloca como representante da empresa Davati Medical Supply; proposta partiu de diretor do Ministério da Saúde. 

Até as 22h desta terça-feira (29), o presidente ultradireitista Jair Bolsonaro não se manifestou sobre a denúncia. Foto: Isac Nóbrega/PR/Fotos Públicas  

Por Crítica21 – com informações da Folha de S. Paulo
29/06/2021 

Na noite desta terça-feira (29), a Folha de S. Paulo divulgou reportagem exclusiva e bombástica que revela possíveis tratativas tenebrosas entre o governo Bolsonaro e uma empresa vendedora de vacinas. O representante da Davati Medical Supply, Luiz Paulo Dominguetti Pereira, afirmou em entrevista à Folha que recebeu pedido de propina de US$ 1 por dose em troca de fechar contrato com o Ministério da Saúde. A reportagem é de Constança Rezende. 

Dominguetti, que se colocou como representante da Davati, afirmou que o diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, cobrou a propina em um jantar no restaurante Vasto, no Brasília Shopping, na capital federal, em 25 de fevereiro. Dias foi indicado ao cargo pelo líder do governo de Jair Bolsonaro na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR) e sua nomeação ocorreu em 8 de janeiro de 2019, na gestão do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM). 

Folha buscou contato com Dias, mas ele não atendeu as ligações. Até as 22h desta terça-feira, o presidente ultradireitista Jair Bolsonaro não se manifestou sobre a denúncia.

Conforme a reportagem, a empresa Davati tentou negociar 400 milhões de doses da vacina Astrazeneca com uma proposta feita de US$ 3,5 por cada (depois disso passou a US$ 15,5). "O caminho do que aconteceu nesses bastidores com o Roberto Dias foi uma coisa muito tenebrosa, muito asquerosa", disse Dominguetti. "Eu falei que nós tínhamos a vacina, que a empresa era uma empresa forte, a Davati. E aí ele falou: 'Olha, para trabalhar dentro do ministério, tem que compor com o grupo'. E eu falei: 'Mas como compor com o grupo? Que composição que seria essa?'", contou. 

"Aí ele me disse que não avançava dentro do ministério se a gente não composse com o grupo, que existe um grupo que só trabalhava dentro do ministério, se a gente conseguisse algo a mais tinha que majorar o valor da vacina, que a vacina teria que ter um valor diferente do que a proposta que a gente estava propondo", afirmou à Folha o representante da empresa. 

Dominguetti detalhou: "A eu falei que não tinha como, não fazia, mesmo porque a vacina vinha lá de fora e que eles não faziam, não operavam daquela forma. Ele me disse: 'Pensa direitinho, se você quiser vender vacina no ministério tem que ser dessa forma".

Folha perguntou então qual seria essa 'forma'. "Acrescentar 1 dólar", respondeu. Segundo ele, US$ 1 por dose. "E, olha, foi uma coisa estranha porque não estava só eu, estavam ele [Dias] e mais dois. Era um militar do Exército e um empresário lá de Brasília", ressaltou Dominguetti. 

O diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias. Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil 

O representante da empresa afirmou que foi ao Ministério da Saúde após esse encontro em Brasília. "Aí eu cheguei no ministério para encontrar com ele [Dias], ele me pediu as documentações. Eu disse para ele que teriam que colocar uma proposta de compra do ministério para enviar as documentações, as certificações da vacina, mas que algumas documentações da vacina eu conseguiria adiantar", afirmou. 

Segundo Dominguetti, o encontro na Saúde não evoluiu. "Aí ele [Dias] me disse: 'Fica numa sala ali'. E me colocou numa sala do lado ali. Ele me falou que tinha uma reunião”. Então, o representante da empresa teria recebido uma ligação perguntando sobre se ia ter o acerto ou não. “Aí eu falei que não, que não tinha como." 

Grupo operava dentro do Ministério

"Isso, dentro do ministério. Aí me chamaram, disseram que ia entrar em contato com a Davati para tentar fazer a vacina e depois nunca mais. Aí depois nós tentamos por outras vias, tentamos conversar com o Élcio Franco, explicamos para ele a situação também, não adiantou nada. Ninguém queria vacina", afirmou. Segundo ele, Roberto Dias afirmou que "tinha um grupo, que tinha que atender a um grupo, que esse grupo operava dentro do ministério, e que se não agradasse esse grupo a gente não conseguiria vender". 

Questionado pela Folha sobre que "grupo" seria esse, ele respondeu: "Não sei. Não sei quem que eram os personagens. Quando ele começou com essa conversa, eu já não dei mais seguimento porque eu já sabia que o trem não era bom". 

Confira a reportagem completa AQUI.

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