#3JForaBolsonaro lotou as ruas e uniu PT e PSDB em São Paulo

Mais de 800 mil pessoas protestaram em mais de 300 cidades brasileiras e no exterior.

Ato na Avenida Paulista, em São Paulo. Foto: Paulo Pinto/via Fotos Públicas

Por Crítica21

03/07/2021

Mais de 300 cidades brasileiras e outras 35 de 16 países do exterior se mobilizaram no dia nacional de protestos contra o presidente neofascista Jair Bolsonaro, realizado neste sábado (3). As atividades iniciaram pela manhã, com faixas e cartazes com mensagens de rejeição ao presidente, associando os efeitos de sua necropolítica aos mais de 500 mil mortos por covid-19.

No total, mais de 800 mil pessoas foram às ruas, segundo cálculos dos organizadores. A avaliação da coordenação dos atos – a campanha Fora, Bolsonaro - é de que as revelações feitas na CPI da Covid, no Senado, aumentaram a indignação do povo brasileiro. Os depoimentos associaram o governo Bolsonaro a um suposto esquema de corrupção envolvendo a compra de vacinas.

O sentimento foi reforçado após a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber autorizar inquérito para investigar Bolsonaro pelo crime de prevaricação no caso da compra das vacinas Covaxin. O #3JForaBolsonaro também foi impulsionado pela apresentação de um superpedido de impeachment contra o presidente, protocolado na última quarta-feira (30).

Além do impeachment de Bolsonaro, as mobilizações também cobraram mais agilidade na vacinação e auxílio emergencial no valor de R$ 600. Outras bandeiras, como o combate às privatizações, a luta pela demarcação das terras indígenas, os direitos da população LGBTQIA+ e a preservação do meio ambiente também ganharam espaço nas manifestações.

São Paulo

Em São Paulo, o ato se concentrou na Avenida Paulista, na parte da tarde, e reuniu mais de 100 mil pessoas, segundo estimativa da organização. Personalidades políticas, como ex-ministro e ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, o coordenador nacional do MTST, Guilherme Boulos, e a deputada federal e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffman, participaram do ato.

Ato na Avenida Paulista, em São Paulo. Foto: Roberto Parizotti/via Fotos Públicas

"Nós temos os crimes. Agora falta só a responsabilidade do Congresso. E é só com pressão popular. A CPI tem sido fundamental para esclarecer as coisas. Tem sido fundamental para trazer à opinião pública as informações do que aconteceu", explicou Gleisi Hoffman, sobre a importância dos atos de rua como uma forma de pressionar pelo impeachment do presidente.

Na Paulista, chamou a atenção a quantidade de bandeiras do Brasil – uma tentativa de resgatar as cores nacionais, sequestradas pela extrema direita. Outro ponto diferente na manifestação foi a adesão do PSDB, que esteve presente com sua militância e bandeiras com as cores do partido, e dividiu o mesmo espaço com a militância do PT.

Militância do PSDB se juntou aos partidos e movimentos de esquerda, na Avenida Paulista. Foto: Paulo Pinto/via Fotos Públicas

No interior de São Paulo foram realizados atos em várias cidades, como Araçatuba, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Sorocaba, Praia Grande, Jundiaí, Bauru, Piracicaba e Jales.

Sul

Em Porto Alegre, a mobilização também ocorreu à tarde. Segundo cálculos da organização, mais de 50 mil pessoas caminharam entre o Largo Glênio Peres e o Largo Zumbi dos Palmares - público muito superior ao registrado no ato anterior. Um cenário parecido com Curitiba, no Paraná, que conseguiu mobilizar mais de 10 mil pessoas neste sábado. Os manifestantes caminharam pelas ruas do Centro, seguindo um tradicional percurso das atividades políticas na capital.

No Sul, além das capitais, foram registrados atos em diversas cidades do interior, como Chapecó (SC), Joinville (SC), Maringá (PR), Lages (SC), Caxias do Sul (RS), Santa Maria (RS), Passo Fundo (RS), Pelotas (RS), Rio Grande (RS), Santa Cruz do Sul (RS), Foz do Iguaçu (PR), Cascavel (PR) e Guarapuava (PR).

Brasília

Em Brasília, o tema do impeachment prevaleceu. Os manifestantes fizeram uma intervenção cobrando do presidente da Câmara dos Deputados, o deputado federal Arthur Lira (PP-AL) a admissão dos pedidos de impedimento do presidente.

Ato em Brasília, DF. Foto: Ricardo Stuckert/via Fotos Públicas

Todas as capitais brasileiras registraram mobilizações durante todo o dia, além de dezenas de cidades médias e pequenas do interior. No exterior, foram realizados atos em Lisboa e Coimbra (Portugal), Bruxelas (Bélgica), Paris (França), Londres (Inglaterra), Genebra (Suíça), Viena (Áustria), Amsterdã (Holanda), Barcelona (Espanha) e cidades da Alemanha.

Nas redes sociais

O #3JForaBolsonaro também movimentou as redes sociais ao longo do dia. Segundo dados do professor Fabio Malini, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), a tag #3JForaBolsonaro foi contabilizada em mais de 500 mil postagens no Twitter.

Comparada à manifestação nacional de 19 de junho, havia presença de 25% de bolsonaristas interagindo com o conteúdo. Hoje foram apenas 9 – o que pode apontar para uma redução das atividades dos bolsonaristas em defesa do governo nas redes sociais.

Confira a cobertura das manifestações pela Mídia Ninja no YouTube: