"Mais que um ato político, essa é uma conclamação": Lula oficializa pré-candidatura com Alckmin
Em discurso, ex-presidente defendeu conciliação para "reconquistar a democracia e recuperar a soberania".
Lula lança pré-candidatura na presença de aliados, militantes e artistas. Foto: Ricardo Stuckert |
O
Partido dos Trabalhadores (PT) oficializou, neste sábado (07), a
pré-candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência da
república. Esta será a sexta vez que o ex-metalúrgico disputará o cargo.
Lula terá como candidato a vice-presidente o ex-governador de São Paulo,
Geraldo Alckmin (PSB), uma aliança inédita que ganhou um título bem-humorado no
encontro: "Lula com Chuchu".
Adversários em outros momentos da história política do país, tanto Lula como
Alckmin citaram o educador Paulo Freire, que dizia que "é preciso unir os
divergentes, para melhor enfrentar os antagônicos".
"Queremos
unir os democratas de todas as origens e matizes, das mais variadas trajetórias
políticas, de todas as classes sociais e de todos os credos religiosos. O
grave momento que o país atravessa, um dos mais graves da nossa história, nos
obriga a superar eventuais divergências para construirmos juntos uma via
alternativa à incompetência e ao autoritarismo que nos governam", afirmou
o ex-presidente.
A pré-candidatura foi oficializada durante o ato Vamos Juntos pelo Brasil,
no Expo Center Norte, na Zona Oeste de São Paulo. Apenas Lula, Alckmin e
Rosângela da Silva (Janja) discursaram. Mas contou com a presença de diferentes
lideranças dos movimentos populares, personalidades, parlamentares e partidos
políticos apoiadores da chapa, incluindo PCdoB, PSB, Solidariedade, PSOL,
PV e Rede.
Lula desponta como favorito nas pesquisas de intenção de voto e pode
retornar ao Palácio do Planalto vinte anos depois da primeira vez em que foi
eleito.
A fala, concentrada no tema da defesa da soberania nacional e da
reconstrução da democracia do país, costurou um comparativo entre as conquistas
dos anos em que o PT esteve no governo com o que tem sido
"desconstruído", como definiu Lula, sob o governo de Jair
Bolsonaro (PL). Também falou em sonhos e esperança de mudar o país.
"Nós temos um sonho. E não há força maior que a esperança de um povo que
sabe que pode voltar a ser feliz. Que pode voltar a comer bem, ter um bom
emprego, salário digno e direitos. Que pode melhorar de vida e ver os filhos
crescendo com saúde."
Foto: Ricardo Stuckert |
Em
outro momento, o ex-presidente criticou a postura do atual presidente da
república com as mais de 600 mil vítimas fatais da pandemia e com as
instituições. "Chega de ameaças, chega de suspeições absurdas, de
chantagens verbais, tensões artificiais. O país precisa de calma e
tranquilidade para trabalhar e vencer as dificuldades atuais. E decidirá
livremente, no momento que a lei determina, quem deve governá-lo".
O discurso também teve espaço para críticas à condução da pandemia e a situação
do Ministério da Saúde pontuando, sobretudo, o "falso
cristianismo" de Bolsonaro que, para o ex-presidente, "não ama
ao próximo". Além disso, Lula criticou os rumos do Ministério da Educação,
que esteve no foco de denúncias de corrupção nos últimos meses.
"Nos nossos governos, triplicamos os investimentos em educação. Saltaram
de R$ 49 bilhões em 2002 para R$ 151 bilhões em 2015. Mas o atual governo vem
reduzindo a cada ano. O resultado é que o orçamento do MEC para 2022 é o menor
dos últimos dez anos."
Lula também fez referência aos episódios de violência e ataques
bolsonaristas. "Não vamos ter medo de provocação, ter medo de fake news.
Nós vamos vencer essa disputa pela democracia distribuindo sorrisos, amor e
carinho", afirmou o ex-presidente, que teve o carro cercado
por meliantes bolsonaristas e manifestantes de extrema direita, ao sair de um
condomínio em Campinas (SP) na última quinta-feira (5).
O agora oficial pré-candidato a presidente da república pelo PT concluiu o discurso
relembrando que os governos petistas fizeram uma revolução pacífica no país e
conclamou a população a reencontrar este caminho.
"Mais do que um ato político, essa é uma conclamação. Aos homens e
mulheres de todas as gerações, todas as classes, religiões, raças e regiões do
país. Para reconquistar a democracia e recuperar a soberania."
Aliança
com Alckmin
O ato também formalizou a indicação do ex-governador de São Paulo, Geraldo
Alckmin (PSB), para compor a chapa como candidato a vice-presidente. Com
covid-19, Alckmin não participou presencialmente do evento e entrou ao vivo,
por vídeo-chamada. No seu discurso, classificou esta aliança como "um
chamado à razão".
O ex-governador definiu o atual momento como uma grande oportunidade para o
Brasil reencontrar o caminho do desenvolvimento econômico, da preservação do
meio ambiente e da justiça social. Por fim, respondeu às críticas que
recebeu por esta aliança com bom-humor: "o prato da moda agora será Lula
com Chuchu".
Por sua vez, Lula também ressaltou que esta eleição exigirá uma aliança muito
ampla com diversos espectros políticos. "Alckmin foi governador quando eu
era presidente. Fomos adversários, mas também trabalhamos juntos e mantivemos o
diálogo institucional e o respeito pela democracia".
Chapa ampliada
No palco estavam presentes os dirigentes partidários, governadores,
ex-governadores e parlamentares das siglas que fecharam apoio à candidatura de
Lula, como PSB, PCdoB, Rede, PV, Solidariedade e PSOL. A ex-presidenta Dilma
Rousseff também esteve no ato, a quem Lula se dirigiu fazendo um
agradecimento e enaltecendo a grandeza política da aliada.
Lideranças das Centrais Sindicais, movimentos populares, intelectuais e artistas também manifestaram apoio ao projeto Vamos juntos pelo Brasil. Pelos estados, os Comitês Populares de Luta, sedes dos partidos e dos movimentos populares organizaram atividades para acompanhar a transmissão do ato de lançamento da pré-candidatura.
Confira o evento de lançamento da pré-campanha de Lula:
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