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Brasil recebe missão da ONU que apura genocídios

Visita de assessora especial tem foco em indígenas e negros.

Foto: EBC/TV Brasil

Por Paula Laboissière – Agência Brasil
02/05/2023

A assessora especial para Prevenção do Genocídio da Organização das Nações Unidas (ONU), Alice Wairimu Nderitu, inicia nesta terça-feira (2) sua primeira visita oficial ao Brasil. Ao longo dos próximos dez dias, ela deve se reunir com representantes do governo, de organizações da sociedade civil e de comunidades indígenas, além de membros da comunidade internacional, “para entender melhor os recentes acontecimentos no país”, informou a ONU. 

“A visita terá foco especial na situação dos povos indígenas, afrodescendentes e grupos e comunidades vulneráveis”, completou a entidade, por meio de nota. Ao final da missão, no próximo dia 12, Alice participa de entrevista coletiva virtual no Rio de Janeiro.   

Em seu perfil oficial no Twitter, a ONU Brasil confirmou a chegada de Alice ao país e informou que a visita ocorre a pedido do governo brasileiro. Em outra mensagem, a ONU Brasil cita encontros da assessora especial com representantes dos Ministérios das Relações Exteriores, dos Direitos Humanos e da Cidadania, da Igualdade Racial e dos Povos Indígenas.  

Nesta semana, o governo federal enviou uma comitiva interministerial a Roraima após ataques registrados na Terra Indígena Yanomami. Segundo líderes indígenas, três yanomami foram baleados na tarde do último sábado (29) – uma das vítimas, um agente de saúde que atuava na comunidade, morreu no local. 

Em nota, a Polícia Federal (PF) informou que enviou equipes ao território “com o intuito de investigar o ocorrido e interromper eventuais agressões que ainda estivessem em andamento”.  

Ontem (1º), o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima confirmou a morte de quatro garimpeiros dentro da terra yanomami na noite de domingo (30). Eles teriam reagido a uma incursão de agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Um dos garimpeiros mortos era integrante de uma facção criminosa com atuação nacional. Essa linha de investigação passou a ser um dos focos de ações de inteligência do governo federal na região.  

Campanha #NãoAoÓdio 

Em vídeo recente da campanha mundial #NãoAoÓdio, conduzida pela ONU, Alice Wairimu Nderitu chama a atenção para os graves riscos criados pela crescente onda de disseminação do discurso de ódio e da desinformação por meios digitais e pelas redes sociais. 

“Devemos prestar atenção ao discurso de ódio. O que ele pode fazer. Sua capacidade de destruir completamente, sua capacidade de desumanizar completamente”, destacou.  

“Todos sabemos que nenhuma criança nasce com ódio. O ódio é ensinado. Precisamos entender que nenhuma sociedade no mundo está imune ao discurso de ódio”, disse. “Quando um genocídio se desenrola, as pessoas visadas são pessoas comuns. E precisamos continuar prestando atenção específica às narrativas que passamos de uma geração para outra”, completou a assessora especial.  

Edição: Nádia Franco – Agência Brasil  

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